quinta-feira, 7 de abril de 2005

Dissimulação é Concreto?

Bem, é esta a minha dúvida: seria a dissimulação tocável? Explicando melhor a questão diria que: seria a dissimulação acessível? Creio ainda não estar claro a idéia, mas vamos partir do princípio que somos todos seres humanos, verdadeiros, fiéis a nos nossos valores, mulheres e esposos. Com esse quadro seria a dissimulação capaz de se configurar? Eu duvido muito. E a questão é bem esta: nem em todos os momentos somos humanos, nem sempre atados aos nossos valores, e somos capazes sim e trair, seja marido ou mulher. E a dissimulação, onde entra nisso?

É difícil até dizer ao certo o que é isto. Contudo acredito que seja a capacidade de uma pessoa fingir que é algo que não é. Então, devo confessar, sou uma grande dissimulada, isto porque acordo cedo e já minto pra mim mesma dizendo que é esta a vida que gostaria de ter; deixo de dar um beijo na minha mãe todo o dia, que é o que eu gostaria de fazer; finjo muitas vezes para meus amigos que estou muito bem, obrigada; me calo, quando gostaria de gritar; acho que as pessoas ao meu lado uma grande mentira e compactuo com isso; deixo parecer pra alguns que sou uma menina pacata, sem idéias e até equilibrada, quando na verdade não sou... A lista é infindável!

Aí eu me pergunto: é só comigo isto? Então ninguém mente pra mim? Sou eu a pessoa mais cruel do mundo? Têm pessoas mais dissimuladas que eu, porque ainda acabo dizendo que sou, mas muita gente não olha para o próprio umbigo. Tramam uma teia para convencer a elas mesmas que não são excêntricas, que são normais e felizes. E o são? Se forem, ponto pra elas, e eu volto a me esconder em meu mundo patético de dissimulação. Se não, as convido agora para tomar um chá comigo e quiçá possamos falar das nossas mentiras diárias juntas.

Concluindo: dissimulação é concreto. Não é sentido porque a escondemos, é concreto porque foi ficada arduamente como cimento dentro de nós.

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