quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Peguei o ônibus errado

Hoje peguei o ônibus errado indo para Niterói. Na hora da baldeação tive a capacidade de correr e correr atrás do ônibus que achava ser o 62.  Atrás vinha o 61, que certamente me supriria: deixaria perto do curso, só teria de andar um pouquinho mais. No entanto, corri atrás do ônibus que me deixava pra trás, pequei o 22. O sentimento de vê-lo virar pro lado “errado” não era pior do que o sentimento de que tem algo de muito errado. Por que peguei o errado? Por que tem de ir pra aquele lado? Por que tamanha distração?

Não me custa muito responder essas perguntas. Na verdade, a viagem de ida a Niterói já foi um profundo brainstorm de questões. Estou com 28 anos e continuo pegando o ônibus errado. Continuo achando que “basta ser do jeito que sou” que tudo vai ficar beautiful no final da história. Baita equívoco: a gente tem de deixar de ser e navegar um pouco nas águas da flexibilidade. Deixar de correr atrás do que acharia que poderia ser, porque, na verdade, a chance de ser o ônibus  errado é muito maior se estamos no calor da hora e no atraso do tempo.

Sinto-me profundamente atrasada no tempo. Tenho 28 anos. Vinte e oito. Dia desse era vinte. Dia desse era 8 anos atrás. Sinto que tenho de me mexer, que tenho de correr. Mas e se eu pegar o ônibus errado de novo na afobação disso tudo? Creio que isso que esperam: que eu corra, me arrisque pegando o ônibus errado e que depois dê meu jeito mágico pra contornar tudo. Daí que hoje, já me lamentava que teria de andar muito pra pegar o ônibus certo, quando me deu um estalo: não é pra eu ir em frente, é pra ir pro outro lado, andarei menos, embora pegue o ônibus cheio. Foi o que fiz, dei a volta, esperei todos os sinais abrirem e fecharem e andei pra trás.

Voltando pra trás me dei conta que era isso com as questões. Não que eu tivesse de deixar de Ser, de deixar de chegar lá, ao meu destino. Simplesmente tinha de procurar um caminho que não fosse tão tortuoso, porque se o ônibus já está errado não adiantaria mesmo chorar sobre o leite derramado. Agora quero voltar, quero compreender, quero engolir seco o que eu acredito para sentar na mesa e dialogar: dialogar comigo, com os outros, com a minha mania de achar que já estou dialogando por simplesmente existir.

Peguei o ônibus errado. Mas vou chegar onde eu deveria ir. 

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

To be or not to be: um recorte sobre a greve dos professores do município do rio

Desde o princípio da greve, no dia 08 de agosto, a questão principal entre os professores, na minha opinião, é a adesão dos próprios. Ao anunciarem a greve, na quarta à tarde, eu mesma andei pesquisando entre os profissionais amigos próximos a fim de coletar quem estaria aderindo ou não ao movimento. Daí vi dois extremos se formando: os que aderiram a greve com direito a passeatas, camiseta e tudo mais, e os que estão com horror a greve, com direito a se sentirem agredidos e coagidos pelos grevistas.
A questão é: tive de me retratar com amigos professores não grevistas sobre minha posição. Agora também tenho de me retratar com amigos grevistas sobre minha posição. Não entendo: por que tanta retratação, meo deos?
Um lado não quer comprometer o salário, as férias, a posição na escola. O outro quer o rim do prefeito e da secretária de educação. O que EU quero? (eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é...). 
Bem, musicalidade a parte, claro que quero mais respeito para com a classe (que é a minha, by the way), e um plano de carreira digno; para de ouvir piadas sobre nossas férias de mais de um mês por ano, se uma pessoa comum estivesse exposta ao que estamos regularmente iriam entender bem a história das férias. Não atoa a classe professoresca é atuante assídua na farmácia atrás de rivotril e cia ltda. Outra reinvindicação interessante: vale farmácia. Afinal, quantas vezes no ano tive sérios problemas na garganta? Com um vale farmácia, atenuaria a questão, já que problemas na garganta não é motivo para qualquer tipo de afastamento no trabalho.
Obviamente, sou do lado grevista. “Obviamente” pra quem me conhece levemente. Apesar de ponderar no início, sabia que esse seria meu destino. Deste modo, assumi minha posição e os motivos que me fizeram optar por ela, mesmo arriscando salário, mês de férias e afins. No entanto, passado mais de um mês de greve e com o triste episódio de professores sendo arrastados por policiais pra fora da câmara, parece que o sangue subiu aos olhos e todos professores que lá estavam presentes QUEREM SANGUE.

O que não entendo é o vandalismo dos que lá vão, acampam, militam corporalmente, mas perdem as estribeiras morais ao dizer que o colega de classe (que o próprio militante louva defender), não deve aceitar o aumento de salário e demais benefícios vindos da greve e da luta. Primeiro, a luta vai além de ir lá, invadir câmara, de levar porrada.  Se alguns apanharam, uma pena. Mas todos não precisam apanhar pra entender a importância disso. Ponto. Segundo, se eu estou participando das caminhadas, protestos e etc, devo ter a serenidade de cativar os colegas não-grevistas, e não a empáfia de achar que o que EU faço é o mais correto. E se o outro não achar? Simplesmente:  o óbvio não é obvio pra todos.
Dentro dessa greve ou de qualquer outra manifestação ou união de classe enfrentamos UM grande problema: de ser humano. A gente quer mudar o outro, obrigar, intimidar e não OLHAR com uma perspectiva diferente dos olhos cheios de sangue ou cheios de indiferença.  Há muito mais por trás dessa greve que supõe nossa vã filosofia: são muitos profissionais de diferentes formações e diferentes opiniões, e um sombrio maquineísmo político dos lados de Paes e do próprio SEPE. Contentemo-nos então com a maioria.
Por último, dentro de uma classe desaculturada que é a nossa dos professores, é uma vergonha TOTAL ver colegas desencorajando os demais a participar dos eventos da cidade (como o festival do rio), ou de simplesmente sair; parece que os companheiros revolucionários estão até o pescoço de nossa herança cristã de querer catequizar a tudo e todos com a premissa do sofrimento e do padecimento.

Greve, sim. Extremismo político, não.

Tenho dito, esta é minha posição. 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Um belo dia pra começar Ulisses. Diz-se que precisa só de um dia.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Minha vida com ela

Realmente complicado pra minha persona falar sobre o câncer da minha mãe. Ele descobriu por volta de um ano que estava com câncer na faringe. Daí veio a primeira reação: o drama. O segundo estágio: quimioterapia. Até chegarmos, um ano depois, no estágio da radioterapia.

No primeiro estágio tudo era um pouco assustador: e agora José? Realmente, a festa parecia ter acabado. Particularmente na minha família, composta de pai, mãe e duas filhas, eu parecia a pessoa mais centrada, otimista e desprovida de qualquer desespero. Por dentro, estava incontrolavelmente assustada. No choque de mim mesma, passei a ser uma pessoa retraída. Retraída no trabalho, não fazia tanta questão de sair com os amigos, passei a querer encarar a minha vida social só comigo mesma. Engordei  uns 9kg, não tive as boas conversas que me fariam bem, não bebi os chopes eternos que me aliviariam a alma, não deixei ser gostada por ninguém.

Mamãe, papai e irmã contavam fielmente com a minha habilidade discursiva pra convencer a todos de que essa tal doença era muito mequetrefe e que não teríamos consequências negativas, afinal, tecnologia e medicina andam juntas. Só que eu mesma precisava da minha fé. Vi e revi todos os filmes de câncer, encontrei uma historinha em quadrinho que falava justamente do rapaz que tinha a mãe com câncer, via e revia as cenas mais dramáticas de todos os filmes sobre câncer, ouvia músicas tristes o tempo todo, me alimentava de tudo que falasse sobre o assunto. No inicio era legal, mas depois de um tempo, comecei a me sentir desconsolada. Descontei no chocolate. Descontei em mim mesma.


Os ânimos mudavam dia pós dia. Todos ficavam mais e mais exasperados, mais e mais passivo-agressivos. Eu, continuava a mesma por fora, na calma de vidro, intocada aparentemente pelo desespero constante. Só que ninguém sabia o que estava por vir... Um bem/mal chamado quimioterapia. 

to be continued... 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Prazer

Na sexta-feira passada, como havia de ser, fui ver a peça no CCBB baseada na obra de Clarice Lispector chamada Prazer. Fui só, como haveria de ser. Fui saltitante, esperando algo grande. Fui esperançosa de me tirar aquela fadiga rancorosa.

Chegando lá, vendi o outro convite que tinha, just in case alguém comigo iria ver a peça como haveria de ser. Vendi para uma moça desconfiada, que dizia não gostar de Clarice, mas ainda assim ouviu o que eu disse sobre a talvez interessante peça e decidiu que iria vê-la.

Chegando lá dentro, meu lugar era perto. No palco, 3 homens e 1 mulher no centro: escreviam frases e citações de Clarice. Fiquei a espionar, a mulher chegou do meu lado a sentar... Deu uma apreensão: vai que o programa não fosse bom?!

No entanto a peça foi linda: no início meio confusa, meio turva. Falavam de uma herança imaterial: coisas boas que um tal falecido tinha deixado anotado para que os outros fizessem ou tentassem. Falavam coisas bonitas, pôr-de-sois e peripécias da vida.

Mas o tom da peça foi mudando... Eu fui mudando junto. Comecei a gostar daquele profundo que foi se amostrando. Um abismo abriu-se no palco: cada amigo tinha um conflito. O conflito do espectador estava um pouco em cada um deles. Comecei a sentir o mundo girando por dentro, as frases como redemoinhos dentro da mente aleatória e sucumbi a mais profunda reflexão de meu ser.

Coisas marcantes: trataram da desautomatização da vida, que é algo que está presente sempre aqui e que tento definir e defender sempre que posso; tocaram "Viva La Vida" do Coldplay no final, e isso gerou um eco de emoções dentro de mim; por último, chorei pela primeira vez numa peça.


Saí de lá rindo, fui em direção as barcas sem saber se tomaria de certo as barcas. Estava com uma saia comprida preta e uma blusa branca de bolinhas roxas. Sei que chegando na praça XV comecei a ver umas pessoas correndo e comecei a correr junto... Logo me dei conta que eu deveria mesmo correr junto para não perder a barca das 21h. Mas eu corria porque era bom correr ali, como correndo do bege que nos confronta junto com o cinza. Corri e ri. Ria e os outros olhavam. De repente minha saia (que se encontrava na altura da linha da cintura),  começou a descer... Eu continuei correndo como criança, apostando corrida comigo mesma. Esbaforida, chegando na catraca, me dei conta que o cartão de passagem estava num sei lá aonde bem misterioso dentro da bolsa gigante. Parei abruptamente, fazendo aqueles atrás de mim também parar, procurei por uns segundos o cartão, temendo que a catraca se fechasse... ACHEI! Rindo sem parar da cena toda, passei pela catraca, o segurança me olhava, corri em direção da barca: era a antiga. Adentrei o recinto, parei em algum lugar entre lá e aqui. Fiquei no meio, contemplando aquele mar de gente. Fiquei em pé. No meio da travessia olhei para fora, olhei para a ponto Rio-Niterói alaranjada lá no fundo. Em pensar que semanas antes passava por debaixo dela num sentimento de ser a pessoa mais feliz do mundo. Ensaiei uma tristeza e logo reparei que chegava em Niterói: iria para casa, finalmente, iria descansar, finalmente... Estava esgotada, não conseguia parar com meus olhos abertos. Iria aguardar sábado chegar com toda sua inexatidão e aleatoriedade. Iria fechar os olhos, enfim.



Prazer fica em cartaz no CCBB ate 02/06, 19h.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Das brigas

Uma escola com muitos jovens e crianças em ebulição, obviamente, terá muitas discussões, brigas e afins. Tenho ainda o orgulho de apresentar uma marca recode praticamente de não-briga com os alunos (de mim para eles). Em compensação, entre eles o couro come.

Ano passado, quando lecionava numa sexta-feira a tarde, quase toda bendita sexta tinha uma briga literalmente na porta da minha classe nos dois  últimos tempos.Acho que já marcavam "vamos brigar ali na frente da aula de inglês da professora que menos briga com alunos... a antítese no apetece". Claro que não era de propósito, mas a repetição me fadigava um pouco.

Os alunos que brigam são, essencialmente, os mesmos. Pode mudar o teor da briga mas os brigadores... Por exemplo, na turma dos pequenos tem sempre o João (com seus bright green eyes) que briga com Vinícius. Tem o Rodrigo que briga com todo mundo. Tem o Joseph, todos brigam com ele. Os pequenos rolam do chão, logo estão de bem, se abraçando loucamente, como melhores amigos da vida.

Já nos maiores as coisas são mais complexas. A briga é uma forma de mostrar que se tem poder e é o maioral, além da aceitação do grupo. A briga é algo gerado por uma histórias de pequenos enfrentamento entre os contestadores e quando sai... Não há santo que separe! Dias depois todos voltam a ser amigos, mas o processo de exclusão do mais fraco é bem cruel.

Hoje mesmo presenciei uma briga na 1401 por minha causa, olhe o despautério! Os alunos desciam para o recreio quando o Ronald, por tropeçar no Hiago, esbarrou nas minhas coisas. Hiago, nada fácil, começou a esbravejar com Ronald por ele ter esbarrado "nas coisas da professora". Estava eu desligando o computador, o datashow e de repente, lá na porta da sala (como eles gostam de brigar na porta da sala!), era uma verdadeira BRIGA. Os dois se enrolando no chão, e eu pedindo para separem. Mas os meninos são covardes, não separam... Os rapazes da 1701 (no corredor atiçados pelo "briga, briga" dos menores), foram os que conseguiram me salvar daquela situação. Digo "me salvar" porque não me apetece os dois se esbofeteando. Peguei Ronald, arrastei para dentro da sala enquanto os outros desciam. Ele ficou lá comigo, me ajudou a guardar as tecnologias e carregar meu material. Perguntei o porquê e pedi para me prometer que não brigasse no recreio (porque os coleguinhas iriam atiçar o confronto). Ele prometeu e cumpriu. Boto fé no Ronald, apesar de sentir que as coisas não são nada fáceis pra ele.

Poderia passar a tarde aqui narrando as homéricas brigas entre Glaucodenis e Rickelme, ou do o agora ex-aluno da escola, Wellington com muitos outros garotos. A questão é que a temática se repete em si. Os nomes é que criativamente mudam. Por isso que acredito piamente que como professora tenho de oferecer algo diferente: amor. Não brigo, não discuto, só peço e aconselho. Com isso eles sentem realmente que podem me escutar na hora que peço para que  não briguem mais. Apenas creio. Pieguice não vai salvar o mundo, mas ajudar nessa batalha de pequenos titãs.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Feito gente grande (Du vent dans mes mollets)


Feito gente grande. Um filme sobre uma garota introspectiva e seus pais tentando fazê-la se abrir com eles e com o mundo. O tempo inteiro um desafio entender aquela garota, mas ao mesmo tempo, um enigma facilmente decifrável para sua melhor amiga. Dei boas risadas, gargalhei com vontade das peripécias infantis. Confesso que me identifiquei com boa parte das coisas. A diferença é que nunca “precisei” de uma amiga para me sentir feliz como a pequena do filme.


Ri como nunca e ao final, sem misericórdia, chorei... Chorei como uma criança. Chorei porque me restou uma tristeza aqui dentro. Aquela tristeza de que as relações poderiam ser muito mais profundas do que são. Que poderíamos ser mais como as crianças, nos doar, necessitar da melhor amiga como se fosse uma falta tremenda de oxigênio, criar amores platônicos como quem abre uma caixa de doces. Mas não somos assim, somos adultos demais. Temos de respeitar o nosso sentimento (seja lá o que isso signifique) e os dos outros (seja lá o que isso signifique). Temos de manter distancia saudável, fingir indiferença, não sucumbir as palavras bonitas, pois onde há elogios deverá haver a dúvida.
Temos de viver em dúvida. Viver como adultos com dúvida. Viver tristes como adultos com dúvida. A dúvida é que faz a gente levantar pela manhã. Ou seria a dúvida que nos faz não querer levantar pela manhã? Isso vai depender do temperamento da pessoa, creio eu. O ponto é: temos de corroer nossa alma porque não podemos manter a clareza de infância e sentir/falar/agir com coerência?
Saí daquela sala de cinema aos prantos, pensando tudo isso, e mais nas minhas peripécias de infância, que não  foram poucas, podem apostar. Ainda não tenho coragem de falar abertamente sobre isso. Ao saí me deparei com as pessoas da sala de cinema ao lado saindo junto. Tinham assistido homem de ferro III. Eram muitas, uma horda de gente, como gado se espremendo no corredor. Eu fui a primeira a sair do filme francês, timidamente, com meus olhos ainda um pouco marejados, olhando para os lados, aquela bagunça toda, aquelas meninas com decotes impossíveis, todos os rapazes vestidos iguais, todos naquele sábado procurando diversão. Eu procurando o choro, a minha infância e entender o ser humano.
Ao procurar a saída, dentro de um shopping é quase impossível não observar o escravo silêncio dos vendedores. Muitos sozinhos. Alguns em grupo. Todos em pé e calados. Olhavam atentos para o nada. Dentro de si não havia nada. Umas com muita maquiagem, outras com o vestido da coleção, todos parecendo ridículos e inúteis. Todos pensando que poderiam estar vendo o Homem de Ferro III ou simplesmente assistindo qualquer coisa na TV em casa. Mas não estavam, estavam trabalhando. Trabalhando porque precisam do dinheiro para pagar as contas de casa e, é claro, ir assistir ao Homem de Ferro III. Ninguém quer ir ao cinema para chorar. Ninguém.
Eu sou tão ninguém nisso tudo. Um invisível que salta aos olhos: “ela está sozinha”, “ela lê alguma coisa, o que é aquilo? Um livro?”. Ela salta aos olhos. E tem olhar certo, fixo, sem titubeio. Ela perscruta todos ao ser redor: ahh, o vazio! Os papos mais desperdiçados. Todos na luz branca que apazigua o vazio de tudo. O limbo espiritual. Estar numa margem de rio sem água, pensando que aquele rio é o mais fresco do mundo. Enquanto isso, um dilúvio na minha cabeça, de pensamentos, de imagens, de sons, cores. As cores são quase incontroláveis. Ver as pessoas em cores, os acontecimentos em cores, a vida em cores... Isso custa um pouco! Mas meu olhar continua ao redor de tudo, duvidando um tanto do espetáculo cruel que nos colocam.
Ninguém quer chorar, ninguém quer ler. No entanto, também não queremos rir:  aquele sentimento de felicidade plena que vem da alma, e quando vai, nos deixa nostálgicos. Nostalgia dói.  Queremos rir das peripécias do homem de ferro. Das brincadeirinhas previsíveis. Quando a pequena do filme vai contar a história da professora com o professor de educação física e resolvem fazer um teatrinho com as barbies, vem uma risada, uma vontade de rir do absurdo, de como  nós mesmo já fomos assim: imaginativos e absurdos. A menina do filme adorava fazer teatro com as bonecas. Eu também gostava. Fazia com tudo, com os objetos da penteadeira da minha mãe tinha um grupo de teatro. Tinha história de tudo, e, é claro, sempre tinha um drama. E essas conexões, filme-eu, são o que geram as melhores risadas e o mais límpido dos choros.
O choro nos impõe sair da inércia, fazer a cabeça sacudir daquelas pipocas e vitrines e despertar para a não necessidade de comprar coisas que não precisamos. Ser sensível nesses filmes é a catarse que preciso para concentrar uma idéia, concentrar no que é real. Facilmente confundo a realidade das coisas não reais. Facilmente sinto que posso fazer algo que na verdade não posso. Desde pequena, quando me vejo em momentos que acho que podem ser criações de meu mundo solipsista, simplesmente abro as mãos, com as palmas viradas para baixo, olho, sinto elas se esticarem: é real. Quando está acontecendo algo muito ruim, ou algo muito bom, sempre faço isso, abro as mãos, estico, e sei que aquilo realmente está acontecendo. Coisa de criança.
Tenho muitas dúvidas sobre a idade que deveria ter, sobre a idade que daria ao meu coração. Acho deveria ter mesmo 27, só que meu coração tem 87. É rabugento, indomável e mal acostumado. Ao mesmo tempo, tem compaixão, entende os problemas de todos como se ele mesmo estivesse passado por tudo aquilo. Adulta ou criança, um pouquinho das duas coisas, o que eu gostaria MESMO era o despertar sereno pras coisas mais importantes, Les petites choses. Mas eu mesma venho dormindo bastante.
Creio que esse texto todo seja para lembrar a mim mesma que posso ser melhor, que posso tentar despertar eu mesma da minha embriaguez e tentar enxergar as coisas do jeito que elas são e, principalmente, do jeito que elas não são. Só as coisas não sendo para serem mais do que nunca, como se tivessem realmente sido. Eu quero ser, eu escolho ser. Ser grande ou pequena, não importa, eu quero ser e no processo de ser sendo,
lembrar a todos que amo (porque quem É, ama acima de tudo) que todos nós Somos. 


segunda-feira, 13 de maio de 2013

Era uma vez um dia...

Em que o roxo virou cinza.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Das danças, das brigas

Hoje foi um dia produtivo na escola. Acho que não contei aqui: trabalho numa escola pública no município do Rio de Janeiro. Sou professora de inglês. Tento ser uma boa professora de inglês. Tento mesmo.

São diversos pequenos problemas num universo complexo escolar. Há anos venho discutindo nesse blog minha vida lilás de estudante universitário fahlida. Agora sou uma professora nada universitária querida. Querida pelos alunos, óbvio. Eles têm muito amor. E eu tento retribuir com sorrisos e abraços.

Ensino inglês desde o primeiro ano (criancinhas de 6 aninhos) até os do sétimo ano (adolescentes por volta de 13, 14 anos ou um pouquinho mais). Desde o ano passado faço parte da vida dessas crianças e elas da minha. Uma troca muito justa de conhecimento, dedicação e amor. Piegas, pode até parecer, mas é o que segura um ambiente banho de bullying, xingamentos, afrontamentos e desafios.

Quando entrei em Letras não tinha muita noção das coisas, mas sabia que:
1) Queria trabalhar com literatura
2) Trabalhar em escolas públicas por um tempo

Quando pensei essa coisa toda de escola pública morava no Sul do país, teoricamente muito mais tranquilo que dar aulas em escolas cercadas por morros cariocas. No final, não vejo mais por "fácil" ou "difícil", mas simplesmente me adaptei ao meu contexto e estou feliz com ele.

E o que tem dançar com tudo isso? Hoje dancei com as crianças todas no pátio. Uns do ginásio se juntaram, e eu lá no meio, ajudando as professoras regentes, tentando fazer com que as crianças pegassem os passos dos dias da mãe criados por dois alunos do 8º ano (que também foram meus alunos), ao som de Claudinho e Bochecha com o "fico assim sem você". O engraçado é que me dei conta que indo para meu segundo ano na escola eu conhecia e tinha boa relação com praticamente TODOS os alunos do pátio. TODOS tinham sido ou eram meus alunos. Foram juntando mais gente, mais gente... mais gente... E mais alunos. No final, vinham de dar "good bye" ou um abraço. E eu ia retribuindo a todos.

Dancei com os alunos, me senti parte daquela escola por completo. Vi claramente que um ano de trabalho árduo tentando incutir o inglês naqueles alunos não foi em vao.
Das brigas, falo depois...

segunda-feira, 6 de maio de 2013

a poem

Inspirada pelo aniversário de Lív Mary, publicarei um poema que achei de mais de 5 anos atrás!!! Raridade nessa vida. Fiz umas adaptações pra ficar melhor (pq estava MUITO ruim). A questão fui só brincar com as palavras depois de uma aula de literatura depois da faculdade (que falava sobre amor) e eu tinha descoberto, naquele instante que eu não sabia nada sobre o tema. Então resolvi "exercitar" fazendo o seguinte poeminha tosco:

All feel so right
Time feel so wrong
Am I gonna pay
For those arms I belong?

I don´t have to say
Why am I so distante?
Maybe because that day
I couldn´t have been kissed

And we live in sin
For the unsolved heart
I really wanted to feel
The care of your arms

Now the ice is around
And your word I can´t hear
All I want is the sound
Of your French in my ears

___

Lembrei que fiz esses versos depois de uma aula sobre "Um sonho de uma noite de verão". Com todas aquelas confusions acontecendo na peça me inspirou isso. A única coisa que mudei foi o "French", antes era "love". O resto é resto, tinha mudado mais, mas mudando muito perde o sentido (afinal, pouco lembro da peça)! Direito das aulas do Beiçola, versos perdidos dentro do caderno!

Final de semana sem internet rende lembranças :)

6 de maio

Como não gostar do dia que nasceu sua melhor amiga? Como não gostar do dia da pessoa que te faz pensar? Como não lembrar do dia da pessoas que desautimatiza por onde passa?

Agora com essa nova fase de francês, é uma honra fazer francês com  Lív Mary. Um dos melhores acontecimentos do ano. Um de repente que deu muito certo. Toda sexta é mais feliz. Toda sexta, je t´aime!

Com poucas ou muitas palavras  o sentimento é sempre o mesmo: uma ternura sem tamanho que invade aqui dentro e me faz bem e feliz em saber que posso contar com Lívia.

Je t´aime, ma cheri!

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Volta pra casa... quinze dias!

Mamae volta pra casa. Foram quinze dias. Quinze longos dias. Quinze dias sem o barulho, os telefonemas, o sorriso. Todos ficaram um pouco murchos aqui em casa. Todos se sentiram como planta sem fotossíntese. Fiquei amarelada de saudade, seca nas pontas. Mamae voltou, e com ela todo o verde j'a se configura: ela agita a casa, faz suas conjecturas, traz suas historias e ri zombeteiramente de tudo um pouco.
Essa mulher e mesmo imprescindível! E esses quinze dias serviram para que claramente sentisse como a casa envelhece e se retorce no esquecimento sem mamae por perto.

domingo, 28 de abril de 2013

Qu'est que c'est?

à retenir

a vida e o inconsciente coletivo

Parece que certas coisas são definidas num mundo paralelo e que não temos controle, só avisos leves de como será. Por exemplo, no dia que estava fazendo inscrição na Aliança Francesa, minha amiga, Lív Mary, que raramente me liga (quase nunca liga, na verdade, e o tempo todo está longe do celular quando pra ela ligamos), liga bem no momento da inscrição, momento em que discutia com o secretário que talvez não abrisse turma por falta de gente. Pois bem, Lív Mary compõe a turma, como se sempre aquela idéia estivesse lá, só nos duas que não tínhamos consciência.
 
Como conhecer uma pessoa e ter certeza de quem ela é, de como ela é e tudo que vai se sucedendo vai naturalmente. Um naturalmente assustador, por vezes, mas bonito de se ver. Ambas as personas se reconhecem, se driblam, mas se encontram, enfim. E aí que, tenho até medo desses sinais que mandam: sempre que pegava o ônibus na Praia Vermelha pra casa depois da faculdade aquele ônibus chamado “usina” despertava minha atenção: hoje lá sou professora, escola no ponto final da Usina. Poderia dizer vc: chamam atenção vários nomes. Mas não é assim, Usina realmente me fazia imaginar, devanear, como se quisesse ir para o “ponto final”, e não é todo lugar que dá vontade assim: nunca quis ir pro “muda”.
 
Não sei de destino, mas sei que tem um inconsciente coletivo brincando com a gente: o tempo todo tudo estava lá, ia acontecer, como somos bobos por não ver? Ou, o contrario: nunca deveria ter sido, mas insistimos na bobabem por puro orgulho. 

Minha vida de acordo com Belle & Sebastian

by Fabíola Xavier (Notes) on Monday, 4 July 2011 at 00:41

Usando nomes de músicas apenas de um artista ou grupo, tente habilmente responder a essas perguntas.


Você é um homem ou mulher: I`m a Cuckoo
Descreva-se: Like Dylan in the Movies
Como você se sente: I Could Be Dreaming
Descreva o local onde você vive atualmente: I`m Not Living in the Real World
Se você pudesse ir a qualquer lugar, onde você iria: Piazza, New York Catcher
Sua forma de transporte preferido: The Rollercoaster Ride
Seu melhor amigo: Judy and the Dream of Horses
Você e seu melhor amigo: We Rule the School
Qual é o clima: Another Sunny Day
Se sua vida fosse um programa de TV, o que seria chamado: If you’re feeling sinister
O que é vida para você: Wrapped up in Books
Seu relacionamento: Expectations
Seu medo: To Be Myself Completely
Qual é o melhor conselho que você tem a dar: Don’t Leave the Light On Baby
Meu lema: Stop, look and listen


(achei isso aqui no perfil do facebook perdido, achei so cool)

sábado, 20 de abril de 2013

eu preciso de circulos pra respirar, a linha reta simplesmente me enforca, acaba com minha vontade de qqer coisa.

quinta-feira, 18 de abril de 2013


Vida lilás! será que volta a ser lilás como antes?
Jamais!
Mas será sempre a boa lembrança
De querer ser poesia