domingo, 26 de março de 2006

Eu não sei fazer poesia.
Dessa neura que me arrepia,
Descobri! Não sei ritmizar...

Se o humano é ritmo, sou o quadrado.
De forma e conteúdo não tenho resultado
E já desisto de seguir com essa utopia.

Porque se há menos leitores que poetas nesse Rio
Deixo o verso para os mais dados ao desvario
E sigo com meu pulso atado.

É que tem gente que é pra admirar
E a mente resta conceder o direito de suspirar:
Ahh, eu não sei fazer poesia.

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:)

sábado, 25 de março de 2006

passa pensamento

Deu a simples vontade de vir aqui e ir escrevendo, escrevendo, traduzindo os últimos pensamentos, falando das músicas mais ouvidas e pqs inexplicáveis, reclamando até ou simplesmente refletindo sobre a saudade das coisas.

Mas não quero falar de saudade só. Quero cair na falta de coesão e falar de tudo junto, um grande panelão onde são jogas espectivas, pequenos traços do humor atual e pedaços de pensamentos andantes (como a imagem de se estar num ônibus em locomoção, na ponte...).

Acho que essa história de ficar quase 4h por dia num ônibus mexe com a gente. Ali se tem os melhores insights do dia, como se pode ter a maior melancolia. Também se encontra a maior saudade do mundo, olhando paisagens ignoradas de todo o dia, passando nuvens ou chuviscos, tudo passando. NO final é o que acontece.. estamos eternamente nessa de sermos empurrados pra algum canto, mesmo qdo nem damos um passo adiante.

E tem os pensamentos, ahh os pensamentos. Ultimamente tô nessa neura com a poesia (e não to tetando descontruir nada ¬¬). Então é que se tem a idéia de que de fato tristeza faz a melhor poesia de todas, no desentendimento aleatório que as palavras vêem com a sensação de enfahdo. Mas isso vem melhor em outra poesia... pq eu não sei fazer poesia.

Enfim, bons dias se passam, dias melhores espero. Eu acredito nisso. Sempre acreditei... Assim como acredito no diálogo. E acredito tb que tomar o fluxo de consciência nesse blog ajudará pra algo. Ou não! (como nos ensinou nosso primeiro professor de literatura :P)

segunda-feira, 20 de março de 2006

sei lá, poesia tem dessas coisas

Se pra ser poeta é preciso viver na solidão,
Não quero ser poeta não.
Se pra ser poeta é preciso viver no desassossego,
Essa inquietude eu postergo.
Se pra ser poeta é preciso alma triste,
A minha de sê-lo desiste.
Se pra ser poeta é preciso viver pouco,
Prefiro viver e ser qualquer outro.
Se pra ser poeta é preciso melancolia,
Já rasgo o pranto da minha poesia.
Se pra ser poeta é preciso sentir frio,
Sem cobertor ser poeta não me arrisco.
Se pra ser poeta é preciso desprezar...
Ah não, poesia tonta que não quer rimar
Volte a tua fonte de frágeis palavras tolas!
Sei lá, poesia tem dessas coisas.

Lucila Lucet

sábado, 18 de março de 2006

Seize the day!

I went to he woods because I wanted to live deliberately,
I wanted to live deep and suck out all the marrow of life,
To put to rout all that was not life and not when I had come to die
Discover that I had not lived.

- Thoreau

sexta-feira, 17 de março de 2006

Extraordinariamente...


Vira e mexe voltam as idéias 'dead poets society'. E sabe que a cada vez que vemos um filme damos ênfase a um aspecto diferente. Dessa vez a história de fazer a vida extraordinária parou um pouco pra ficar remoendo dentro do si mesmo.

Nessa luta contra desautomatização da vida a palavra 'extraordinário' pesa como umas pedrinhas nas asas da borboleta, atrapalhando seu vôo por conta da pressão dum futuro enuviado (é bom evitar esse tipo de palavras!) que se aproxima. O caso é que sonhamos o tempo todo com 33843829 coisas e fica sempre aquele pensamento 'que no futuro isso, no futuro acontecerá aquilo...'. O futuro donde? Eu vejo o aqui.

O tal aqui é que vai determinar num balanço geral se minha vida foi extraordinária. Não o 'lá' irá fazê-la tal qual se almeja a palavra mágica. É algo 'Jerry Maguire', de se acordar todo o dia e dizer pra si mesmo que o dia será bom. (Com isso me peguei agora com uma nova mania, de no alogamento dos braços pela manhã antes de sair da cama pensar positivamente, em coisas buenas como as várias pessoas agradáveis as quais convivo.)

Sinceramente, aos poucos vou fazendo minha vida extraordinária. Está a passo de tartaruga essa liberdade dos grilhões de coisas chatas a se fazer. Mas na medida em que se vai tentando, passo pós passo, sorriso pós sorriso o peso da asa da borboleta vai dimunindo, as pedras vão escorrendo com o bater mais forte das asas de uma maneira constante.

terça-feira, 14 de março de 2006

No consultório da dentista....

Estava na minha consulta aparelhística de costume, quando constado em mais essa vez que na meia hora que estou ali a dentista insiste em contar pedaços da sua vida.

Dessa vez o episódio foi ‘o namorado’, ela fala pra amiga ‘ele vai entrar de férias amanhã’ (ar enfadonho), a amiga responde ‘boa sorte...’, penso ‘será que ela ta com medo dele viajar, soltar as asasinhas, coisa assim?’. Pobre menina inocente eu, o ‘boa sorte’ se referia a ‘pobre de mim (a dentista) que vou ter de atura-lo agora’. E mais pra frente o desabado ‘ah, eu não agüento mais, tanta coisa pra pensar... só quero vê-lo no final de semana e olhe lá.. Já passou o tempo da paixonite. E não é ele sabe, sou eu... mas como vou falar isso pra ele?’. Boa ‘questã’ minha cara dentista... eu com minha boca aberta entregue aos dedos afiados queria dizer com o olhar adormecido, ‘ahhh, minha cara, não estás apaixonada é o de mínimo, não o amas pra dividir sua vida com ele e ponto. Não se culpe, mas seja franca.’

Tempos atrás era a amiga da minha dentista que sofria: ‘não quero ele de volta... Ele me procura, dá esperança, mas não toma uma atitude. Passamos um final de semana perfeito e depois ele volta pra ela como se eu não importasse...’ (a Fah boquiaberta a essa altura). Acho uma comédia como elas têm facilidade de contar tudo assim no ambiente de trabalho. Com a dentista de Rio Grande era a mesmíssima coisa, a diferença é que ao contrário dessa que quer ficar avulsa, a de lá queria um par perene; e ia eu compartilhando da angústia, do cansaço, dos eventos...

Elas seguem falando, falando e falando. Eu sigo de boca aberta escutando e tentando me comunicar mesmo estando incomunicável. Dou conselhos para o stress, ‘devia tentar natação, uma terapia ocupacional é bom tb, como pintar... que tal uma aula de alongamento?’. No final eu reparo que elas necessariamente não querem um conselho... Querem só ser ouvidas e soltar o bolo todo de coisas confusas dentro de si mesmas. Como uma golfada de criança pequena no babador aquele.

sexta-feira, 10 de março de 2006

It's Friday, I'm in love...

I don't care if Monday's blue
Tuesday's grey and Wednesday too
Thursday I don't care about you
it's Friday I'm in love

Monday you can fall apart
Tuesday Wednesday break my heart
Thursday doesn't even start
it's Friday I'm in love

Saturday wait
and Sunday always comes too late
but Friday never hesitate

I don't care if Monday's black
Tuesday Wednesday heart attack
Thursday never looking back
it's Friday I'm in love

Monday you can hold your head
Tuesday Wednesday stay in bed
Oh Thursday watch the walls instead
it's Friday I'm in love

Saturday wait
and Sunday always comes too late
but Friday never hesitate

dressed up to the eyes
it's a wonderful surprise
to see your shoes and your spirits rise
throwing out your frown
and just smiling at the sound
and as sleek as a shriek
spinning round and round
always take a big bite
it's such a gorgeous sight
to see you eat in the middle of the night
you can never get enough
enough of this stuff
it's Friday
I'm in love


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acho q já coloquei essa música antes... mas o hino dos tempos de patuléia acaba por ter sentido ;)

quinta-feira, 9 de março de 2006

volta às aulas

Reflexões

- Tenho de comprar um caderno de caligrafia.

- Sou lonner por natureza.

- Montar horário é uma das maiores agonias já vividas por um ser humano naquela letras.

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Pra não dizer que não falei das flores (essa expressão q já andei vendo por aí, começou a cair no lugar comum), as aulas seguem aos extremos: ou não tem, ou se tem é puxaaaada. Não vou reclamar não. Afinal o que tem de mais ler poemas em português galego ¬¬

quarta-feira, 8 de março de 2006

não Hei de perder a ternura...

Hj eu tive uma aula com uma professora simplesmente incrível. Ela tem pulso, mesmo não tendo um timbre de voz forte, todos querem ter aula com ela mesma ela sendo 'fresca e chata'. Humor refinado e associações inusitadas no meio de aula que acabam por despertar uma risada ou outra (isso se tratando de fonética e fonologia é algo). Resumindo, quero ser ela quando crescer (e ela é bem a amiga do tio carioca aí em riogrande). Ela reflete bem esse ideal de mulher moderna de ser A Profissional liberal, mas não perder a ternura (como dizia naquela revista alvo de críticas das analistas de discurso de plantão :P).

Até eu mesmo critiquei a questão da ternura, do jeito a ser tratado na revista de visão 'machista' ao fazer um especial pelo dia da mulher como aquela que trabalha, mas tem de cuidar do maridão, dos filhos, da casa e até dela mesma.

Só que, ao pensar de um outro patamar, vi que a questão não é a mulher casar e cuidar de sei-lá-quem-for-necessário. O problema é o 'ter de'. Ninguém tem de fazer nada que não lhe apetece. A mulher não tem de ter aqueles cuidados clássicos com o lar se não lhe é o que chama atenção (contudo terá de trabalhar pra pagar a empregada ). Ela não tem de casar até os 25 pq se não o fizer será A Solteirona da família, (mas tb não é saudável forçar o não-casamento pra mostrar que se é auto-suficiente).

Mulher, na condição que se vê de ter de mostrar competência por todos os poros, não tem mesmo de perder a ternura (o que não quer dizer manter a passividade). Afinal o que nos faz seres excepcionalmente cobiçados é algo que nenhum 'brokeback' poderá conseguir obter com a prática, a tal dita ternura.

domingo, 5 de março de 2006

run Forrest, run!


Estava eu numa madrugada dessas (sempre me perco no tempo e no espaço), vendo o Intercine (programão de férias!), passando o Forrest Gump (devidamente avisada por uma fahbulosa pessoa), o tal contador de histórias. É impressionante a pura beleza daquele filme. A começar pela pena, que por alguns segundos consegue fazer sumir tudo da mente só pra ficar observando donde ela irá parar. Depois vem as centenas de frases simples e belas (dos estilo 'queria fazer coisas bonitas') que dá gosto de degustar.

Cada vez que vemos um filme temos uma visão diferenciada dele e carregamos algo de especial em relaçao a antes (tá aí o pq de ver Amélie 4 dias seguidos...). Sendo assim, desta vez Forrest me pegou desprevinida ao proferir a seguinte frase pra Jenny qdo ela começa a jogar pedras na antiga casa do pai dela e dar xilique: 'às vezes parece que não tem pedras o suficiente'.

E não é que é assim. Às vezes queremos jogar tudo pro alto, nos libertar, mas não há pedras o suficiente. Seguir por um caminho diferente, que posso nos levar a tão idolatrada felicidade... mas não há pedras o suficiente pra jogar naquilo que nos atravanca. Ah, um pouco angustiante a sensação, sufocante até. Não há pedras o suficiente nem pra continuar escrevento tem vezes também. E olha que de pedra eu entendo, colecionava quando criança (mesmo com minha mãe sempre jogando minha coleçao no quintal novamente¬¬).

Além das coisa reflexivas, há as coisas bonitas. O Forrest que cumpria sua promessa. O jeito com que eles (Forrest e Jenny) viam o por-do-sol. O Forrest que não parava de correr, via o oceano e simplesmente voltava a correr. A vida que é uma caixa de bombom... Sendo que no final fica aquela sensação de que todos nós precisamos mesmo é de um pouco tanto de carinho. (ando piegas? maybe, who knows...)

;)

quinta-feira, 2 de março de 2006

O Solipsista

Walter B. Jehovah tinha sido solipsista toda a sua vida. Não vou justificar o seu nome, pois este era realmente o seu nome. Um solipsista, no caso de o leitor não conhecer a palavra, é alguém que acredita que ele próprio é a única coisa que realmente existe, que as outras pessoas e o universo em geral só existem na sua imaginação, e que se ele deixasse de os imaginar estes também deixariam de existir.

Um dia, Walter B. Jehovah começou a ser solipsista praticante. No espaço de uma semana, a sua mulher fugiu com outro homem, perdeu o seu emprego de expedidor e partiu uma perna quando afugentava um gato preto para impedir que este se atravessasse no seu caminho.

Enquanto estava de cama no hospital, decidiu acabar com tudo.

Olhou pela janela, contemplou as estrelas, desejou que elas deixassem de existir e elas desapareceram. Depois, desejou que todas as outras pessoas deixassem de existir e o hospital ficou estranhamente silencioso, apesar de ser um hospital. A seguir, fez o mesmo ao mundo, e encontrou-se suspenso num vazio. Livrou-se do seu corpo com a mesma facilidade e depois deu o passo final, querendo que ele próprio deixasse de existir.

Nada aconteceu.

Estranho, pensou, poderá haver um limite para o solipsismo?

«Sim», disse uma voz.

«Quem és?», perguntou Walter B. Jehovah.

«Sou aquele que criou o universo que acabaste de querer que deixasse de existir. E agora que vieste substituir-me — houve um suspiro profundo — posso finalmente deixar de existir, cair no esquecimento e deixar-te ocupar o meu lugar.»

«Mas como posso eu deixar de existir? É isso que estou a tentar fazer, sabes?»

«Sim, sei», disse a voz. «Tens que fazer como eu fiz. Cria um universo. Espera até que surja nele uma pessoa que acredite realmente naquilo em que acreditaste e que queira que ele deixe de existir. Depois podes retirar-te e deixá-la ocupar o teu lugar. Adeus!»

E a voz desapareceu.

Walter B. Jehovah estava sozinho no vazio e só havia uma coisa que ele podia fazer. Criou o Céu e a Terra.

Levou sete dias a fazê-lo.

Fredric Brown
Tradução de Pedro Galvão
Excerto retirado de What Mad Universe, de Fredric Brown.


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Aproveitei o adjetivo do comentário anterior do Italianinho para 'caçar' esse texto no google. :)

Waking Life




*Sim, são eles de "Antes do Amanhecer", Celine e Jesse.

quarta-feira, 1 de março de 2006

carnaval, carnaval...

Então senhoras e senhores, temos o fim hoje do tal espetáculo popular chamado carnaval. Quarta-feira de cinzas e aniversário da cidade maravilhosa (um aniversário que ninguém comemora ahaha).

Dos dias de folia, que ficou pra mim, é que nada substitui um bom livro (mesmo que ele não seja tão bom assim), um pouco de verde ao redor (mesmo que seja as plantas da avó em jarros) e uns passarinhos cantando (mesmo que seja os dois periquitos da gaiola ao lado brigando por uma fêmea). Ah, crianças também podem dar aqueeeela animada (claro, enxendo a paciência, esperniando e gritando às vezes). Outra coisa que não se pode deixar pra trás em carnavais é zombar um pouco das fantasias dos outros, mesmo que no fundo o maior palhaço seja si mesmo. E depois de tanta euforia posso dizer que dos dias que se passaram eu não perdi nada. Isso, não perdi. Não perdi horas na folia, não perdi horas no meu quarto arquitetando como minha vida poderia ser melhor se eu morasse em outro canto, e, muito menos, perdi o contato com aqueles que me criaram e deram todo seu aponho e carinho pra minha persona desde pequena, passando pra mim de toda aquela bondade de dar sorriso no rosto de ver: meus avôs.

Se eu pudesse compor uma música de sucesso, fazer um poema com instante poético, escrever uma história cativante de ser, certamente gostaria de fazer por eles, daquelas pessoas que abraçam com o coração e só.

Tantas vezes reclamamos de tudo um pouco e pasmaceira de vida. Vai ver falta criar a habilidade de olhar com mais afeto pros nossos primeiros, únicos e eternos amores, nossa família - seres que não escolhemos, porém são nossos por todo sempre.