quinta-feira, 29 de setembro de 2005

O que será?

O que será que me dá que me bole por dentro
Será que me dá
Que brota a flor da pele será que me dá
E que me sobe as faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo me faz implorar
O que não tem medida nem nunca terá
O que não tem remédio nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente que não devia
Que desacata a gente que é revelia
Que é feito aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos toda alquimia
Que nem todos os santos será que será
O que não tem descanso nem nunca terá
O que não tem cansaço nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro será que me dá
Que me perturba o sono será que me dá
Que todos os ardores me vem atiçar
Que todos os tremores me vem agitar
E todos os suores me vem encharcar
E todos os meus nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz suplicar
O que não tem vergonha nem nunca
O que não tem governo nem nunca terá

Chico Buarque

quarta-feira, 28 de setembro de 2005

Adjetivando

Ano passado não era difícil me ver falando a alguém (no meio letrado) que determinado fato era tão 'Dead Poets Society'. Com o passar desse ano vi o tal 'Dead Poets Society' se esvair um pouco, embora mantivesse firme minha crença no poder das palavras, da poesia, no livre pensamente e em "Carpe Diem". A crise encontrou seu momento crítico quando resolvi apresentar um trabalho sobre o filme no curso de inglês. Eu queri falar de beleza, de vida, de valer a pena as pequenas coisas, da importância da literatura, da paixão e dos sonhos. Coisa demais né? Eu queria fazer esquecer um pouco de momentos tristes, dessa nossa decadência social em que todos funcionam, não vivem. Ah, queria me fazer esquecer daquela fila do INSS. Com tanto o que querer falar, chegou perto eu já não sabia se queria falar sobre isso, não tinha certeza da beleza das coisas, não tinha certeza dos sonhos (seriam eles bobos?). Ao final da minha provação fiz ontem a apresentação (embora os momentos de dúvidas tivessem sido forte), senti no final os olhares em mim parados, pensantes, mas amigos; pensei que não teria sido tão ruim; Eles pensaram vida, pensaram poesia, pensaram pensar por alguns bons minutos. Que levem isso consigo e que eu me prove a importância disso mais vezes pra mim. Aquilo foi tão 'Dead Poets Society' :) e estilo futura professora de literatura :P

terça-feira, 27 de setembro de 2005

Faz frio


E faz frio no Rio. Um frio pingado de chuva enjoada. Presente garoa. Pingo, pingo, pouco pingo, mas chuva. Guarda-chuva, me guardo nele. Mas é tanto chuva, chuvinha, chuvisco, chuviscão, que às vezes deixo ele de lado e me enfrento nela sem guardar nada. E amanhã acordarei chuva. Só de lembrar dá um frio, dá umidade, dá chuvisco... dá chuva aqui dentro pensando em chuva cinza lá fora. Que saudade de frio com sol, frio com céu, frio bem frio, sem chuva, chuvisco, chuviscão. Sem lama, sem poça, sem guarda-chuva. Ahh, se é pra guarda algo que seja o calor do sol pálido no frio... Ah, saudade, saudade. Às vezes saudade parece pingo de chuva, chuvisco, chuviscão.

domingo, 25 de setembro de 2005

espelho, espelho meu

O que acontece com o blog? Ele está em crise existencial, eu não. Eu tenho falta de tempo e, quando não isso, tenho assocegamento cavalar que pode ser traduzido como ócio enduzido por conta da lista de coisas a se fazer.
Eu fiz uma listinha na 6ª ainda!

P/ final de semana:
- Fazer exercícios de inglês da SF
- Organizar material Dead Poets Society
- Exercício de Port 2 pra entregar
- Questionário de Lit. Comp.
- Começar trabalo de Funding.
- Cartazes em italiano
- Organizar mat. de análise do discurso
- e-mail p/ Solange
- Ir ao cinema.

Será que dá pra fazer tudo no domingo???
E ainda tem os tags do Hermes, revisar... O cinema já morreu nessa altura o campeonato. Que fadiga!
Vamos agir então!

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

I WISH I WERE A FISH

Nesta semana, na faculdade de Letras, viu-se algo! Estava lá o Fagner fazendo show no auditório G2 com o Ferreira Gullar do lado com seus simpáticos 75 anos. Ele começou cantando músicas que têm como letras as poesias de Gullar, enquanto o povo universitário frenético esperava a hora das ‘borbulhas’ com seu cartazes: “te quero”, “te pego fácil”, “minha mãe te ama”... Uma criatividade esses jovens.

Mas A Cena foi quando o Gullar contava a história de um poema dele ‘cantiga para não morrer’ (‘no coração dela”, ele disse.. que meigo) e contando a história dele com a russa Helena, que tiveram um intenso caso de amor (sic) e acabando o exílio dele na Rússia eles teriam de terminar, mas antes dele partir ela inventou uma viagem pra Mongólia e foi-se Helena e ele fez o poema para ela e eles nunca mais se encontram. Só que há uns 5 anos ele via um documentário espanhol sobre Prestes e numa cena de um coquitel na Rússia adivinha quem aparece? Helena! Ele tentou acha-la, mas nada adiantou... Foi então que algum ser aleatório grita no auditório lotado “procura no orkut”... Pobrezinho, ele nem entendeu e todo mundo caiu no riso! Foi bem oportuno o comentário.

E aí veio ‘borbulhas de amor’, afinal Gullar deu uma melhorada na letra pra Fagner lançar o que seria seu maior sucesso. Todos cantando pispiricos num uníssono afinado (ou quase). Foi divertidíssimo! Isso é algo numa 4º f 12h!
E de tudo ficou a questão: Helena, onde vc está!?!?!

Termino então com a letra de 'Me Leve' baseada na 'Cantiga para não morrer':
Quando você for se embora
Moça branca como a neve
Me leve, me leve
Se acaso você não possa
Me carregar pela mão
Menina branca de neve
Me leve no coração
Se no coração não possa
Por acaso me levar
Moça de sonho e de neve
Me leve no seu lembrar
E se aí também não possa
Por tanta coisa que leve
Já viva em meu pensamento
Moça branca como a neve
Me leve no esquecimento

O Clube dos Cinco

O que faz o atleta, o nerd, a louca, a patricinha e o delinqüente juntos num sábado inteiro na escola? Eles estão de castigo e devem ser punidos passando o dia na biblioteca e escrevendo uma redação sobre si próprio e os outros.

Obviamente você encontrará rock, revolta, desaforo e aquela vontade de se parecer normal aos olhos do outro. Contudo não há espelho que preserve a imagem apolínea de qualquer ser e não o faça transbordar em fraqueza, desabafo e apego. Começam se desentendendo fortemente e terminam por se identificar e até mudar seu jeito de ver mundo, ser gente. O envolvimento entre eles passa pra quem está do outro lado da tela. Impossível não se identificar num estereotipo daquele, numa reação deles referentes a assuntos como família, sexo e valores.

Ser estranho é normal (vi esse lema em algum lugar já), mas o mais fácil é sempre achar o outro estranho ou maximinizar tudo que acontece na nossa vidinha. Aí vemos também o aprendizado da compreensão mútua, da dificuldade do ser humano de lidar com seus próprios problemas e principalmente os problemas alheios.

É uma ótima oportunidade de pensarmos que adultos seremos, que educadores seremos, que pais realmente nos tornaremos. Cometeremos os mesmo erros que achamos que foram cometidos conosco?

Bem, ao final me deu mesmo uma vontade de que meus pais vissem aquilo e lembrassem um pouco do tempo deles e assim pudessem agir mais sabiamente algumas vezes.

Eu fico com a frase: “se fosse bom morar com os pais iríamos querer morar com eles a vida inteira”. Verdadeiramente, tem sentido.

domingo, 18 de setembro de 2005

La vie en Rose

Por favor, não estou traindo meu lilás querido. Mas nesses dias em que lilás é moda eu troco um pouco (só na aparência, sou um ser lilás na essência :P) e toma conta o rosa. Bolos, balões rosas, presentes rosas, homenagens rosas, pasta rosa :P Na verdade a pasta rosa foi a grande inspiração, desde do dia em que fiz 19 até pairar o 20 na minha existência.
E a suavidade do rosa toma espaço em forma de um bom abraço, se torna mais forte quando o assunto é saudade, fica CHOQUE com a demonstração de carinho partindo de partes remotas desse país (das partes remotas que eu estive, claro!) e volta rosa bebê quando o assunto é agradecimento.
Ano passado, dia 18, não parei 1 segundo no meu dia... Aula, teatro, assistir peça de teatro e estava até um pouquinho frio (e eu loucamente na garupa da Sasa por aquela RioGrande), além das inesquecíveis batatinhas no shops com a patuléia, a réles patuléia. O tempo hoje, nesse 2005, está de um ameno nublado mas não chuvoso. Passei até a tarde aturdida pra um lado e outro, festinha rosa, amigos amistosos novinhos e folha com um carinho por mim vindo sei-lá-de-onde. Eu os conheço a mais tempo, só pode. Deve dar seus méritos à capital barulhenta: nunca fiz amigos mesmo tão rápido. (Mesmo que na minha cabeça eu nunca teria saído de são chico naquele meio de 2002, boba, olha o tantão que eu perderia!).
Um ser lilás-rosa-bege, carioca-catarina-gaúcho (não necessariamente nesta ordem).
Ah, vida. Eu amo, é tudo. :)

Obrigada, senhoras e senhores! Está um espetáculo.

sábado, 17 de setembro de 2005

programa diferente

Fui num ótimo concerto no ICEBEU hoje. Apresentando-se a soprano Magda Belloti e a pianista Talitha Peres. Ambas estavam maravilhosas e logo com os primeiros acordes do piano eu me enchi de um sentimento bom transpassando uns minutos da minha existência pra algum refúgio além música. E assim seguiu, até o final. No estilo voz e piano deslifaram clássicos dos musicais da Broadway, nos quais os que mais me emocionaram foram as músicas de George Gershwim (um compositor dos anos 20 e 30), Don´t cry for me Argentina, solo de piano, e Think of me do Fantasma da Ópera (ambos de Andrew Lloyd Webber), sendo que nessa última a Magda deu um surpreendente show com sua encantadora e estrondosa voz.
Deveria ir a eventos desses mais vezes e deixar a alma ir sumindo de mim até não me encontrar mais ali. Algo assim, de bonito.
Buenas!

O Me! O Life!

O ME! O life!... of the questions of these recurring;
Of the endless trains of the faithless—of cities fill’d with the foolish;
Of myself forever reproaching myself, (for who more foolish than I, and who more faithless?)
Of eyes that vainly crave the light—of the objects mean—of the struggle ever renew’d;
Of the poor results of all—of the plodding and sordid crowds I see around me;
Of the empty and useless years of the rest—with the rest me intertwined;
The question, O me! so sad, recurring—What good amid these, O me, O life?
Answer.
That you are here—that life exists, and identity;
That the powerful play goes on, and you will contribute a verse

Walt Whitman
---
Perdão, sem traduçao pq desse verso ainda não fiz, mesmo sendo um dos meus prediletíssimos! Bem 'Sociedade dos poetas mortos'. :) Acho que vou apresentar um trabalho sobre esse filme (novamente), afinal ele é uma inspiração para a minha pessoa.

sexta-feira, 16 de setembro de 2005



queria fazer coisas bonitas ... é o lema da Andréia que se espalhou pelos 4 cantos dos blogs ganhando digníssima comunidade.

às vezes acho que consigo ter coesão pra transmitir meus pensamentos.
às vezes eles tropeçam uns nos outros deixando-se cair, nus.
outras, atam-se sistematicamente em uma cadeia de argolas trancadas.
tem também o gosto, o cheiro, a cor do pensamento, que não se passa nunca.
tem a dor de se pensar atropelado que se tem sempre.
há de cada um ser estrambólico, criativo.
hão de ser todos unidos num ciclo, disformes de formas distantes.
haverão eles se mostrarem escondidos assim, enigma-resposta.
outro pensamento vem, quero fazer coisas bonitas...
hei de começar dando um sorriso, sorriso em pensamento.

Humpft.

Vou torcer pelas coisas bonitas.

tá com margens?!

quinta-feira, 15 de setembro de 2005

e o céu?

Ando feliz, feliz. Saltitante como antílope na relva verde. Nem deveria eu estar aqui, mas foi inevitável esse registro no meu amigo imaginário lilás prefileto (mistura de preferido com predileto)! Três dias para a virada de dígito, passei a manhã com o olhar e jeito de menina faceira, consegui ler Beowulf quase todo. Três coisas bem diferentes, bastantes ligadas. Eu sei que o aniversário não é grande coisa, o sorriso da menininha é um vácuo sem sentido (mas eu sou feliz!) e só de ouvir Beowulf dá um peso.
Ah, eu ia feliz, vim saltitando pela rua na volta do curso, vinha vindo pensando 'the sky is blue and the clouds too!'. Um pedra é jogada a minha frente. Só eu vi? Sem sentido ela apareceu ali na minha frente, barulhenta, a poucos passos. Literalmente uma pedra no meio do caminho!!! Mas eu continuava no melhor da minha viagem intergalactica por entre nuvens, céus e lembranças boas. Aí chego eu perto da Previdência Social, aaaah tenho de ver aquela fila novamente!? Aquela de senhores e senhoras, excelentíssimos que estão ali sacrificando-se por algo que lhes é de direito. O céu é tempestade. As nuvens são as da intemperança. Sigo indo por entre céus que caem e reconstroem perante minha insignificante presença esperando felicidade para todos (ah, utopia).

quarta-feira, 14 de setembro de 2005

tempo, tempo

Se você não tem tempo, crie!



Eu estava com a faca no pescoço nessa 4ª já que iria chegar em casa lá pras 19h. Descobri que não teria 2 aulas, então nada melhor do que matar a 4ªf de aula. Infelizmente acabo perdendo a aula de italiano, 'mas tudo vale a pena se a alma não é pequena', passo a tarde escutando Renato Russo em italiano então.
Tenho de ler o Beowulf para a prova 'surpresa' 6ªf, prova amanhã de Lingüística (a professora é piradinha), exercícios e leituras para a aula de inglês instrumental 6ªf (adoro essa aula). Teria de ler a Ilíada, mas já cortei Grego da lista dessa semana. Ah, estudar pra prova de inglês na 2ªf (afinal, não passarei o dia 18 estudando!!!). E a vida universitária vai se revelando o caos do controle de tempo, minhas atividades extras vão ficando exprimidas como laranja pra suco e eu não tenho tempo nem pra refletir um pouquinho no meu bloguinho ( ou bloguizinho?) querido.
Mas não vou reclamar, ócio é o mal que não quero sofrer tão cedo.

domingo, 11 de setembro de 2005

um dia, é algo

Depois de 'rabujar' pela manhã, o dia transcorreu beeem tranquilo, eu escutando Elvis, depois o disco do Renato Russo em italiano, mta rádio paradiso... Pensei em ver o filme 'carteiro e o poeta' novamente, mas não, tinha de ler o conteúdo pra aula da S.F. amanhã, além das minhas tags queridas que dou uma pausa agora depois de tanto nó gramátical na minha mente.


O dia foi ótimo! E melhor ainda constatar que senti uma ponta de saudades da minha família barulhenta, minha mãe gritando se eu não quero almoçar, minha irmã reclamando de alguma coisa que eu fiz ou não fiz, meu pai explicando sempre alguma coisa com um ar de sabedoria que ele tira da manga.

Outra coisa que me dei conta agora é que hoje é 11 de setembro, o tal dia do atentado que eu vi ao vivo quando morava ainda em são Chico e esperava fazer 16 anos na semana seguinte. Eu estuda a noite numa Escola Técnica, fazia contabilidade e gostava, era uma das únicas pessoas que não trabalhavam, conhecia muita gente lá e a hora do intervalo era sempre uma festa, parava pra conversar em cada canto. Escutava Jovem Pan, transamérica, Atlântida ou a rádio UDESC e foi quando a JP começou a noticiar algo com queda de avião que fui ligar a TV e pensei 'nossa, estão atacando os EUA!'. Minha mãe na cozinha gritou (como ela grita!) 'o que está acontecendo?', 'estão atacando os estados unidos!', 'eu tô falando sério', 'olha lá então, parece que um avião bateu ali'. Mas mesmo assim eu não tinha noção do que estava acontecendo. O ápice pra mim foi quando vi pessoas se jogando da torre, aí foi que pensei 'esse é o tipo de imagem pra posteridade, eu tô vivendo a história'.

boooooooom dia! ou algo assim...

Bom dia, bom dia. Passando o final de semana sozinha dá vontande de dar 'bom dia' pras paredes. Normalmente ninguém me dá 'bom dia' mesmo, mas eu gosto de manter o custume de dar 'bom dia' para as paredes.
Passada a sessão 'bom dia', agora vem... Boa pergunta, o que vem agora? Não estou desesperada, nem angustiada, mas também não indiferente. Eu só estou esperando um agora aquele que as pessoas vivem no presente.
Graças a Lizi tenho uma nova metáfora pra me definir: um copo de requeijão na beirada da mesa. Não deixa de ser de vidro, quebra. Pessoas não vêem isso. Sou tida como a 'insensível', a 'racional'. Por que não querem me conhecer? Eu sou legal, o lado lilás é legal... Ou não né, de perto ninguém é normal, já dizia o Caetano. E segue vida nessa afirmação, reafirmação do si mesmo. É o eu com o mim que minha filha falou, eles são impossíveis, como brigam, às vezes não saem do lugar.
Sabe de uma coisa, é melhor voltar aos afazeres. Tenho a Bíblia toda pra taguinar :P
'não me diga isso, não me dê atenção e obrigada por pensar em mim.'

sexta-feira, 9 de setembro de 2005

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

sem sono...

Sim, sem sono. É algo... Pior que estou com um cansaso desses que ficam lá no canto da mente o tempo todo esperando pra se apoderar (ou algo do tipo). O bom é que estou realmente felizinha (inha, inha), voltando com o Hermes, esperança de saber mais gramática que o prof. de Port. :P e não odiar Mattoso. O mais legal é a globalização da história, eu aqui, acolá, RioxRioGrande, além do perdão do Tiago por eu ter sido tão relapsa!

A semana na faculdade quase não aconteceu. Quando os professores não faltaram eu que não fui à aula. Coincidência. Em Português, marasmo; writing, marasmo acumulado; Lingüística, vou descobrir numa próxima aula depois de 1 semana sem a professora ir; Latim, meia horinha de aula tá ótimo; Teo. Lit., poético. Ah, teve o italiano, mas eu tava aleatória na aula, confesso. Bem, ainda tem a outra metade da semana, talvez aconteça mesmo.

Do dia de hoje tiro de melhor a volta do curso de inglês, na qual estava garoando um tiquim. Então vinha eu com aquela penugem de gotículas minúsculas caindo no meu rosto e tornando-se uma sensação muito agradável na medida em que eu andava. Ia seguindo e querendo ir mais devagar para sentir mais daquilo. Um prazer digno de Amélie Poulan! Nada de temer molhar roupa, cabelo, material... tocar a alma é o ponto. Chegar ao conforto do si mesmo e olhar pra frente e ver o indivisível mil vezes passando pela luz da lâmpada do poste. Ah, foi bonito o espetáculo da chuvinha contra o vento.

Na verdade eu ia falar do Cem Anos de Solidão agora, mas creio que tenha de ter mais lucidez pra tratar de um livro tão rico. E eu o devoro ainda, agora degustando os últimos pedaços, como para não deixar de tê-lo comigo. Aconselho a todos que leiam esse livro!

Vou dormir então... Obrigada pela atenção!

segunda-feira, 5 de setembro de 2005

serelepe

O estado de pispiriquice digivoluiu e foi pras paragens da 'serelepice'. É algo assim, um estalo que dá por coisas simples e bobas até, que aparecem num instante em que o mundo parecia frio e cruel. Tenho tido muito meus momentos serelepes ultimamente. É dessa coisas de se deixar levar por um sentimento mais morno do que a frieza abrupta do semper igual; algo assim.
Confesso que passei o dia com humor duvidoso, indo pro rude rapidamente.. mas nem tudo está perdido e a Fabíola salva sua alma por umas poucas palavras.

e agora minha irmã apressa pra usar o computadorr.. mas eu já volto!
:)

domingo, 4 de setembro de 2005

drama do cobertor antigo

Num belo dia, num reino aleatório distante, deparo-me com uma constatação tão triste que fez estalar a minh’alma. Era um ser que relatava algo do namoro de pouco mais de um ano como morno e conveniência de se estar um com o outro era a força que o mantinham juntos. No entanto nada foi mais grave do que a frase: estou com ele porque sei que não encontraria alguém melhor, assim como ele está comigo porque não encontraria uma pessoa melhor. Meu choque se deu à vista. Repeti a frase, e num arrepio que deu tratei de explicar ao meu jeito: então é assim, se estar com o outro porque não tem mais nada de interessante como opção?! Vieram então justificativas do tipo ‘estar sozinho é ruim’ e que a pessoa tinha ‘virtudes admiráveis’ e me atrevi a jogar pimenta no diálogo dizendo: e se alguém se dissesse apaixonado por você, te dando possibilitando sentir aquelas ‘magiquilidades’ de inicio de namoro novamente? Não, a pessoa não estava entregue a aventuras. O namoro estava morno dos mais secos e o ‘não ficar sozinho’ e o medo de ‘não encontrar alguém melhor’ imperava.

Agora vou eu nas minhas confabulações pensar: e se alguém estivesse comigo por mera conveniência, daí quando encontrasse alguém ‘melhor’ partiria a galope deixando um bilhetinho lilás de despedida breve? Digo que outra pessoa o faria, porque não me imagino com um ser e paralelamente esperando um príncipe encantado vir me resgatar e me tirar da suposta tortura.

Será que é regra depois de um tempo os namoros sucumbirem ao mofo da mesmice? Sinceramente eu penso que não, como até vejo por aí uns apaixonados que buscam a si de maneiras diferentes, olhares diferentes e vão se descobrindo boa surpresa um para o outro e fazendo do relacionamento um vinhedo de qualidade.

Cada relacionamento é um mundo, mas daí as pessoas se tratarem como num mercado de pulgas: ‘ah, se eu encontrar um cobertor melhor eu devolvo esse’. Não se consegue viver sem coberto então? Mesmo em profunda tristeza as pessoas se limitam àquele cobertor que não querem mais na certeza de que um dia ‘encontraram um melhor’. Sonham com o dia do cobertor passado ir pro lixo, afinal não esquenta mais mesmo, contudo não vêem que enquanto mantiver este cobertor antigo consigo nunca vão conseguir se desvencilhar dele.

Que não nos limitemos aos cobertores velhos, as estações que passaram, aos céus que só podem ser azuis.

sábado, 3 de setembro de 2005

the sky is blue...



As cores das nuvens nessa foto me pegaram de jeito. Tenho lá meu fascínio limitado por nuvens e céus por conta de um trauma da 5ª série, quando ao escrever uma redação na prova de Português sobre os desenhos da nuvens (os quais passava horas averiguando) a professora me chama na sua mesa e no meio de todos confere um tom jocoso ao se referir a minha redação dizendo: 'não existem nuvens azuis'. Todos riram, menos eu que fiquei impressionada: ué, não existem nuvens azuis? O que eu vejo então? Concordei com ela assumindo pra mim a culpa da falta de atenção dizendo que não era lá meu costume ficar olhando pro céu. De fato, dali adiante não olharia pra ele como antes, como se tivesse me ludibriado e não merecesse perdão.

Depois, mais velha e ao observar o céu de outras paragens dei-me conta de que minha nuvens azuis exitiam sim, que fossem reflexo do céu da noite, assim como essas alanrajadas o reflexo do sol poente. E que direito tem as pessoas de mandar nas nuvens de uma criaturinha?! Ou melhor, nas nuvens multicoloridas da imaginação de uma criança? Mas depois da minha indignação também refleti: eles não são culpados, são adultos que não têm mais do recordações.

As nuvens podem ter tido as cores que eu quis, contudo serei eu daqui a pouco que terei de corrigir 'as nuvens não são azuis', contando só com as recordações do tempo que não pensava assim.

fafanápole, faltam 15 dias, o que faremos no meu aniversário hein?! :)

sexta-feira, 2 de setembro de 2005

Tá bom, a idéia da conspiração machista do Mattoso pode ter sido demais. Mas continuo não concordando com o professor. E ainda sei que Mattoso foi um dos maiores (considerado internacionalmente) lingüistas brasileiros, contudo tem coisa que ele fez que hoje ele reconsideraria e reformularia (foi dito logo no início do post).
O momento 'feminismo' se deve mais pelo ódio às aulas. :)

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

2 filhos, um bom cinema nacional

Quando vi o cartaz a primeira vez logo pensei: ‘mais um besteirou vem por aí’. Ledo engano. Os 2 filhos de Francisco é o um filme que verdadeiramente emociona, não apelando para um melodrama barato, mas usando os fatos que sucederam na vida de forma crua num roteiro muito bem engendrado. Aliás, um parênteses aqui para parabenizar as roteiristas Patrícia Andrade e Carolina Kotscho.

A história de ‘Zezé de Camargo e Luciano’ é muito mais do que músicas melosas sertanejas,No filme que vemos a origem humilde da dupla e a sagacidade do pai em torna-los ‘alguém’ através da música. Seu Francisco era dado como louco, afinal enquanto a família passava fome ele não media esforços em manter os meninos cantando e tocando instrumentos. Obviamente ele contou com a facilidade que o mais velho, o Zezé, tinha em lidar com música, trazendo o sonho distante mais pra perto. Neste percurso para a fama contam com a infelicidade de um acidente que adiou em parte o sonho e ao final vemos que o Luciano entrou no ramo por mera sorte mesmo.


Se você está profundamente ressabiado com que verá no cinema, não se deixe impressionar pelos primeiros minutos onde me perguntei ‘o que estou fazendo aqui?’, e nem com algumas berrantes propagandas que chegam a dar ar de humor, tamanho o exagero. O filme emociona mesmo, alguém poderia dizer que nem parece filme brasileiro (muito menos tem orçamento de filme brasileiro, 5,9 milhões) e quem viu sai respeitando a dupla e ainda cantarolando ‘é o aaaamor que mexe com minha cabeça e me deixa assim’, mesmo detestando sertanejo.

Quem merece destaque especial é Ângelo Antônio por sua interpretação como o pai dos meninos, excelente; não só ele como também a Dira Paes fazendo o papel da mãe. A escolha do elenco foi muito feliz, desde os meninos quando pequenos ( a melhor parte do filme, na minha opinião), até a absoluta semelhança quando adultos (impressionante o Márcio Kierling como parece com o Zezé).

Então meu conselho é, deixe o preconceito que te impede de ir ao cinema prestigiar o filme juntamente com as vovós e mamães e assista Os 2 Filhos de Francisco sem medo, afinal estará vendo um dos melhores dramas do ano, ouso falar.