quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Confahbulações de um aniversário distante


Entre lembranças do que se foi uma vida lilás e do que se é de azul escuro com cinza, nasce essa humilde confahbulação de aniversário aleatório. Vem daquela necessidade de se ser palavra, de se ser idéia, de ser desautomatizada da vida. E a vida? Já me levou de jeito, e cada ano novo de vida já chega empoeirado, com gosto de cof cof.

Tudo passa entrecortado na mente fantástica: as histórias contadas na beira da cama pela avó, os colegas de escola admirando a timidez da menina calada, escutar a conversa de adultos no final de semana, escrever poesias para família de presente de aniversário... Sair da infância, ser jogada em uma nova cidade, entrar na temida adolescência, descobrir o cinema com amigos, descobrir a saudade em são Chico. Nem sei... de repente uma definição: sou lilás. De repente uma frase: ai, minha vida! De repente eu era eu, e já não tinha muita clareza de como fui parar aqui, dentro de mim.

Daquela menina de lá longe, ainda conservo a mania de roer as unhas e de realmente não me importar muito com o público pensante a minha volta. Vou com as minhas vontades e voluntariosa que sou, sigo sutilmente a cegueira do se ser/sendo. E pensando... Pensando... Pensando: poesia, porque me abandonaste?
Creio que tudo que queira dizer é: não me culpem porque continuo tão a mesma aqui dentro. 27 anos não são ainda suficientes para te fazer não ser aquilo que te incomoda demais. Pensei que fosse. Pensei que seria. Agora penso que não quero lutar com o que deveria ter sido: melhor ser/sendo sutilmente na vida voluntariosa vigorosamente voraz.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

De hora em hora

De hora em hora o tempo se vai como gotas. Gotas pequenas que no final dão grande cachoeira. Com suas águas volumosas, desemboca com toda sua força em forma de sono no dia seguinte. O que fazer? Ai, minha vida! Tento deitar e ler. Quando se vê, já se passou mais tempo que se era. Tento pensar, espairecer. Não, pensar é bom remédio pra  algo inquietar. Tento deixar o tempo levar, com cada tic e tac do relógio insone... E vai, de gota e gota, ali deitada na cama, assistindo o assinalar de cada hora, o TEMPO. E quando penso: quanto tempo perdi, aqui, inquieta querendo dormir, vem as melhores ideias que jamais poderia ter aproveitando todo tempo do mundo por aí.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A volta de si


Essa coisa de viajar tem a peculiaridade de mexer com o que se tem dentro de si: as ideias, os pensamentos, as conjugações de verbo. Viajar tem dessas coisas: de se deixar levar fisicamente, psicologicamente e quando se percebe... Onde estou? Nem sei mais. Tem verde, tem água, tem amarelo, tem olhares, tudo diferente.
Ao reconhecer o que é “diferente” é onde se reconhece e se afirma o que sou: sou rio de janeiro, sou asfalto, cidade, cinza, músicas aleatórias, aluninhos fofos, ovomaltine do bobs, Araújo porto alegre, quarto preto e branco, vida lilás, mamãe gritando que a comida está na mesa, filtro da cozinha, os DVDs, livros e o quadro do Rhet beijando Scarlet Ohara. São as coisas que vejo ou faço quase todos os dias e, de repente, nada mais está lá. E eu, onde estou? Estou tentando saber justamente o que sou. Identidade móvel, uma “person to be” de carteirinha que pára, instantaneamente, de ser “sendo” para ser “ser”. Ser tudo aquilo que compõe a rotina da vida lilás aleatória.
De repente, apreciar o diferente virou apreciar o que se é: apreciar a falta que faz as coisas cotidianas, de como seria bom acordar na própria cama, tomar banho no chuveiro de sempre, sentir o sol entrando pela janela daquele jeitinho incômodo de todos os dias pela manhã. E aí que é engraçado: a gente vai, vai, vai... Se embrenha no mundo, caça rumos diversos e distantes para quando se está longe pensar no que se é quando está na rotina, no mundinho de sempre, no círculo apertado dos dias extasiantes ou insossos.
Já vi que esse negócio de ser humano tem mesmo dessas dicotomias: se movimentar pra encontrar o que está parado ou parar para alavancar os rumos. 

domingo, 6 de maio de 2012

Hoje é o aniversário daquela pessoa que ajudou a moldar quem você é. A pessoa que dividiu pensamentos, palavras vagas, horas de conversa a fio. Pessoa que dialogou e não simplesmente "escutou", trazendo para discussão questões relevantes. Nunca com um olhar acusador, ela é aquela pessoa que sabe de "tudo". De tudo, e sabe que "tudo" é parte de quem você é, por isso respeita, mesmo não concordando. Hoje é... É o dia em que posso lembrar de vários momentos com essa pessoa, quando estudávamos italiano juntos (e eu constatava que ela era ótima naquilo, enquanto eu estava simplesmente ali mais por conta dela do que por outra coisa), ou quando cantávamos "don't go away" do Oasis um dia no final de uma aula lá fora no trailler do Gordo na faculdade.
E isso que torço, que ela nunca saia da minha vida, que a gente faça muitas coisas juntas. Ou muitas coisas separadas, mas que depois tenhamos tempo de falar sobre isso, refletir sobre isso. E tenhamos tempo de ver mais séries da BBC juntas, de dividir as alegrias e aflições e, principalmente, sonhos. Que tenhamos hoje e sempre o amor que nos uniu nos anos de faculdade e a mesma paciência de uma esperar o contato da outra nos tempos pós-faculdade.
Lív Mary é daquelas pessoas que me provam que eu posso mais.
Obrigada por tudo!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Promessas

Remedio promessas seguidas dentro de mim. Vou estudar mais, trabalhar menos, resolver todas as pendencias burocráticas de banco, tirar o novo cartao do vale transporte, dormir mais cedo, arrumar o guarda-roupa, fazer novas atividades com música e video para os alunos. Mas todas as promessas aqui incluidas e as ainda nao ditas são falsas. Quero viver no conformismo, no não apoquentamento de tudo, na estabilização desistabilizadora de ser um parasita. Parasitar. Parar. Pá.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Alguém apareceu

Parece brincadeira, mas cá estou.
Sempre quando vejo alguém se junta a blogsfera, sinto-me assim, inspirada para cá voltar e fazer das minhas palavras sentenças fáceis deixadas num blog sem lembranças.
Tanto tempo que nem abro este aqui que até me surpreendi com um comentário no post abaixo, alguém dizendo para não largar isso aqui, não.
É difícil não largar, pois sinto que pessoas podem fazer uso disso para achar que sabem de mim. E nunca sabem. Para achar que me conhecem. E nunca conheceram. Pra eu achar que posso escrever. E nunca poderei.
Por outro lado, é muito difícil deixar, afinal, passar alguns meses, retornar aqui e vislumbrar o que passei, sentir novamente aquela sensação lá de trás: não tem preço, não.

De blog só sei que nada sei.