quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Confahbulações de um aniversário distante


Entre lembranças do que se foi uma vida lilás e do que se é de azul escuro com cinza, nasce essa humilde confahbulação de aniversário aleatório. Vem daquela necessidade de se ser palavra, de se ser idéia, de ser desautomatizada da vida. E a vida? Já me levou de jeito, e cada ano novo de vida já chega empoeirado, com gosto de cof cof.

Tudo passa entrecortado na mente fantástica: as histórias contadas na beira da cama pela avó, os colegas de escola admirando a timidez da menina calada, escutar a conversa de adultos no final de semana, escrever poesias para família de presente de aniversário... Sair da infância, ser jogada em uma nova cidade, entrar na temida adolescência, descobrir o cinema com amigos, descobrir a saudade em são Chico. Nem sei... de repente uma definição: sou lilás. De repente uma frase: ai, minha vida! De repente eu era eu, e já não tinha muita clareza de como fui parar aqui, dentro de mim.

Daquela menina de lá longe, ainda conservo a mania de roer as unhas e de realmente não me importar muito com o público pensante a minha volta. Vou com as minhas vontades e voluntariosa que sou, sigo sutilmente a cegueira do se ser/sendo. E pensando... Pensando... Pensando: poesia, porque me abandonaste?
Creio que tudo que queira dizer é: não me culpem porque continuo tão a mesma aqui dentro. 27 anos não são ainda suficientes para te fazer não ser aquilo que te incomoda demais. Pensei que fosse. Pensei que seria. Agora penso que não quero lutar com o que deveria ter sido: melhor ser/sendo sutilmente na vida voluntariosa vigorosamente voraz.