terça-feira, 29 de junho de 2010

toda terça e quinta quando vou para o colégio estadual pela manhã meu coração fica mais triste.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Do desvario

Já não sei como existir.
Deixo para os normais fazê-lo,
Pois de mim só loucura emerge.
Deve ser a inquietação humana,
falo comigo mesma.
Mas não, não e inquietação...
É vontade de ser o que não é
De ter o que não tem
De fazer o que não pode
De não amar quem se deve.

Deixo aqui escrito, então:
Não sei como existir!
Como exclamação absurda
Que não respeita espaço
e sai do pulmão desvairado.
Não sei ler, não sei escutar
Deixei já de amar...
Me consolo com a poesia que não tenho,
Pois o que tenho são palavras
Do não sentido de se ser gente.

Bright Star

Ontem fui com as meninas nucleares assistir o filme que conta a história de um romance do poeta Keats com uma moçoila fashion da época. Havia visto o trailler tempos atrás e tinha gostado. Ao ver o filme a impressão é que eles fizeram um bonito dramalhão. Boa fotografia, boas falas, apesar de um Keats meio sem salzinho.

O mais legal foram os poemas entrelaçados no filme. Além disso o despertar dentro de mim para um sentir. Sentir esse que está perdido por aí. Um definir de sentir sem definição emergiu, eu acho. Acho que eu senti um palpitar mais rápido aqui dentro, um tremor nas juntas, e ainda chorei.

Fica o poema de lembrança que Keats escreveu para sua amada.

Brigh Star

Bright star, would I were stedfast as thou art--
Not in lone splendour hung aloft the night
And watching, with eternal lids apart,
Like nature's patient, sleepless Eremite,
The moving waters at their priestlike task
Of pure ablution round earth's human shores,
Or gazing on the new soft-fallen mask
Of snow upon the mountains and the moors--
No--yet still stedfast, still unchangeable,
Pillow'd upon my fair love's ripening breast,
To feel for ever its soft fall and swell,
Awake for ever in a sweet unrest,
Still, still to hear her tender-taken breath,
And so live ever--or else swoon to death.

domingo, 20 de junho de 2010

carta de resistência

Creio que seja a hora de mudar a decoração aqui. Agora que o blogger nos ofereceu novas opções (que eu sempre quis), me sinto resistente. Não quero mudar não, não quero mudar nada, nenhum centímetro. Não quero virar um dia e me dar conta que as cores não são mesmas, que a vida lilás tem outro matiz, que a fonte mudou e não aparece assim, do jeito que estou acostumada. Não quero mudar o fundo branco,não. Não quero mudar as pequenas modificações que fiz num padrão já estabelecido e adaptado razoavelmente ao que gosto de ver. Deixa as coisas assim, pois foi desse jeito que passei por tanta coisa, por tantas palavras, por tantos pensamentos minúsculos encerrados dentro de um casulo relutando para serem libertos pelo .blogspot. Parece que se perder parte da felicidade do que se era... e se perde aquele ar de coisa simples gostosa. Parece que nos obrigam a mudar para ficar mais chamativo, mais bonito, melhor aceito por outros. Eu não quero não. Quero ficar simples como um disco arranhado que volta para mesma parte sempre. Não quero saber se isso NÃO é BOM ou NÃO é NORMAL. EU quero estar na ótima da simplicidade, da repetição do mesmo que dá prazer. E nada de chegar alguém aqui e querer materializar mudança. Não chegou a hora pra isso. Chegou a hora do si próprio, do querer-se em si. Assim basta. Blog e eu, eu e blog. Hei de defender-te... Das vuvuzelas, dos jogadores da Costa do Marfin, das blusas bregas verde e amarelas, das músicas que tem refrão com som de 'eichion', dos regimes e desesperos infudados alheios, das viradas de rosto infundadas.

Deixe as mesmas matizes, deixe as mesmas fontes, deixe a mesma desarrumação da coisa. Deixa tocar as mesmas músicas de 5 anos atrás, as mesmas reclamações de 5 anos atrás, as mesmas histórias e os mesmos erros de português, inglês, italiano, espanhol e francês, porque mesmo mudando a nacionalidade os erros são os mesmos. Os mesmos livros são os prediletos, os mesmos contos relidos, as mesmas referências são feitas. Os mesmos filmes comentados, o cinema mexicano sempre destacado, Amelie quando se derrete me faz chorar do mesmo jeito. Talvez então o que tenha mudado é que esse blog seja previsível como uma couve-flor. E eu também.

Senso de balada

Eu não tenho senso de balada. Ontem no arraial da devassa no fim do mundo da gávea eu reparei que meu comportamento era inversamente proporcional ao que acontecia a minha volta. Enquando os muitos rapazes heteros buscavam avidamente cerveja e mulheres eu buscava um momento de de paz dentro de mim e o conforto que a madrugada acabaria logo. Apesar de passar por momentos cômicos e dignos (talvez mais cômicos que dignos) eu verdadeiramente pensei que poderia estar na minha caminha confortavelmente envolta no meu edredom azul com estrelas e luas.

Não sei dançar em público, não conheço as músicas da moda, não gosto de beber... É, acho que me resta pegar meu cineminha sozinha em botafogo.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O lá de mim

O pequeno horror de dentro de si é a saudade. Parece que fui banhada em saudade quando nasci. Todos os dias uma, duas, três, centenas de recordações circulam pela minha mente. Tem momentos que parece que não tem espaço para vida nova. Vou tirando o pó minunciosamente de cada lembranças, abrindo as sensações de se estar naquele momento fotografado. Parece que fotografo tudo... E sinto falta de tudo depois. Era o canto do meu computador no canadá, era ir para o mercado na Yates; também tem as lembranças do Sul... Nem vale a pena numerar uma de tantas. Com os olhos abertos deixo de enxergar a realidade para acordar do outro lado da mente trazendo pro peito a sensação perdida há tempos.

Parece que vivo dentro de mim e me alimento das coisas instigantes, patéticas, marcantes ou simples de doer que aconteceram. Não sou de mim, sou do que fui. Sou a conjunção do que fui misturada, batida e jogada no mundo do aqui. O aqui que provavelmente terei muito que recordar depois.

Não vejo a hora.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Como se fosse a primeira vez

Cada história interessante nessa vida. Como se fosse a primeira vez versão real. E se fosse com a gente... Será que teria alguém que todo dia nos lembraria da nossa própria existência...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Se o dia dos namorados...

Se o dia namorados serve pra trazer um pouco de sorriso para as pessoas, então tudo bem. Digo isso porque a quantidade de casais que se formam e que viram casais de fato nessa época é enorme. Parece que a estratégia comercial de aquecer as vendas no início do inverno não só deu certo, mas também faz bem para a população. Principalmente a população indecisa: se não sabe o que quer o dia dos namorados te oferece a oportunidade única de decidir - oficializa ou cai fora.

Se o dia dos namorados significa ver as pessoas refletindo positivamente sobre o futuro amoros, então tá, até interessante ter um dia para isso. Vejo as meninas no trabalho, alunos, pessoas aleatórias a divagar sobre o momento de largar mão de serem os famosos 'pegadores' e pensarem em algo mais profundo e edificante. Parece que a combinação frio, vitrines avermelhadas por aí e o famoso papinho 'o que vc vai comprar pro seu namorado(a), acaba atingindo os corações mais frios.

Olhares feliz, abraços e beijos calorosos pelas ruas cariocas. Tá bom de admirar essa semana pintada de vermelho e coberta de rosas. Afinal, esse negócio de dia é irresistível mesmo. Pena que eu só acredite nos dias de aniversário... os outros são sempre dias de tudo (pai,mãe, namorado, cachorro, papagaio, secretária, dentista, professor, etc.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

zonziar do mar

No domingo passado aceitei mais um convite para velejar. Apesar da minha mente estar nas nuvens resolvi reencontrar o mar. Do velejo trouxe mais uma vez o balanço. O balanço das coisas dentro de mim. Foi tanta oscilação que acabei por ficar zonza dentro do meu desconcerto de mar. Ao mesmo tempo a zonzisse tirou de dentro de mim o peso da lamúria por aquilo que não é. Tirou de mim até a bile amarelada do desassocego. Minha mente saiu das nuvens e se voltou pra terra, para a visão do Rio fluindo em frente aos meus olhos.

Com a falta de vento veio arrebol; do arrebol, a noite; da noite, o inusitado: estávamos assumidamente parados e sem vento. Com a noite veio também minha trégua com o mar. Seu balanço já não me fazia zonziar. O confabular sutil, a lua que subindo e a certeza de se chegar ao lugar seguro trouxeram um bom sorriso. Foi como um bom desafio que se sabe que no final tudo vai dar certo. E dá. De lembrança ficou a cor que não via, mas que muitos notaram. Eu via o céu azul, o mar azul e pensava na frase daquele conto: "o mar é feio".