quinta-feira, 27 de março de 2008

Globalização e a distância humana

Dizem que nesses tempos de globalização o mundo tende a estar mais próximo tanto pelos meios de comunicação quanto pelos de transporte. Com 14h de viagem se pode estar em outro continente; ou com uns prefixos a mais se pode falar com qualquer pessoa, ela estando na China ou no Paquistão. Fora que os produtos que os nossos amigos nortistas consumem podem ser facilmente adquiridos no nosso querido país Tupiniquim. Como consequência, por que não afirmar que estamos todos mais unidos, atados um ao outro através de consumo de bens e tecnologia:

Contudo, o que se pode contastar é que com mais tecnologia, com mais globalização, mais distancia se averigua. Ou poderiamos dizer que quanto mais globalizada a pessoa ou família é (leia-se com recursos finaceiros), mais a distância se instaura em seu cotidiano. Como exemplo, podemos pegar a configuração da casa, cada um com seu quarto, televisão, dvd, mp3 e laptop, cada um com seus horários para refeição de acordo com a badalada agenda, até os carros são desenhados para privilegiar a distância entre os passageiros, como nas famosas peruas que os nortistas tanto adoram. Todos no compasso de um grande ditador invisível, celebrando o individualismo e o consumismo de forma bárbara.

Essa, na minha opinião, é a verdeira invasão bárbara: o momento em que as famílias não se reunem para o almoço ou para o passeio de final de semana, quando todos estão cercados de compromissos e distrações on-line, atados a programação da tv a cabo ou sintonizado frenéticamente na música do mp4. Neste momento não há diálogo, troca de idéia, demonstração de sentimento, fomentação da crítica ao mundo que vivemos, celebração de momentos puros e bobos da vida cotidiana. Isso sim é perder a luta para um gigante chamado indiferença e que vem diretamente atado ao sistema economico do nosso querido mundo globalizado: o capitalismo.

Para Marx os detentores de poder tinham os intrumentos e a classe operária a força de trabalho. Agora, os detentores de poder têm a globalização e a classe operária só quer estar dentro do processo que vê passando na televisão. O ricos continuam ricos celebrando seu individualismo, a classe média (classe essa mais indefinida que o tom de verde do mar Tailandês) perseguindo o sonho de ser globalizada, classe pobre querendo ser classe média e a classe miserável querendo não passar fome.

No final, todos perdem nesse processo de globalização do individualismo, principalmente os mais privilegiados que tantas vezes não têm o verdadeiro prazer de se preencher com o processo de Ser humano.

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