terça-feira, 14 de março de 2006

No consultório da dentista....

Estava na minha consulta aparelhística de costume, quando constado em mais essa vez que na meia hora que estou ali a dentista insiste em contar pedaços da sua vida.

Dessa vez o episódio foi ‘o namorado’, ela fala pra amiga ‘ele vai entrar de férias amanhã’ (ar enfadonho), a amiga responde ‘boa sorte...’, penso ‘será que ela ta com medo dele viajar, soltar as asasinhas, coisa assim?’. Pobre menina inocente eu, o ‘boa sorte’ se referia a ‘pobre de mim (a dentista) que vou ter de atura-lo agora’. E mais pra frente o desabado ‘ah, eu não agüento mais, tanta coisa pra pensar... só quero vê-lo no final de semana e olhe lá.. Já passou o tempo da paixonite. E não é ele sabe, sou eu... mas como vou falar isso pra ele?’. Boa ‘questã’ minha cara dentista... eu com minha boca aberta entregue aos dedos afiados queria dizer com o olhar adormecido, ‘ahhh, minha cara, não estás apaixonada é o de mínimo, não o amas pra dividir sua vida com ele e ponto. Não se culpe, mas seja franca.’

Tempos atrás era a amiga da minha dentista que sofria: ‘não quero ele de volta... Ele me procura, dá esperança, mas não toma uma atitude. Passamos um final de semana perfeito e depois ele volta pra ela como se eu não importasse...’ (a Fah boquiaberta a essa altura). Acho uma comédia como elas têm facilidade de contar tudo assim no ambiente de trabalho. Com a dentista de Rio Grande era a mesmíssima coisa, a diferença é que ao contrário dessa que quer ficar avulsa, a de lá queria um par perene; e ia eu compartilhando da angústia, do cansaço, dos eventos...

Elas seguem falando, falando e falando. Eu sigo de boca aberta escutando e tentando me comunicar mesmo estando incomunicável. Dou conselhos para o stress, ‘devia tentar natação, uma terapia ocupacional é bom tb, como pintar... que tal uma aula de alongamento?’. No final eu reparo que elas necessariamente não querem um conselho... Querem só ser ouvidas e soltar o bolo todo de coisas confusas dentro de si mesmas. Como uma golfada de criança pequena no babador aquele.

2 comentários:

Lizi disse...

Fah me surpreendendo com belas metáforas :)

Anônimo disse...

Contos proibidos de dentistas mal resolvidas

embora dentistas sejam bem resolvidos pq desabafem e ganhem bem

e nao precisam nem ir em psiquiatras por causa disso

mas o ruim da profissao deve ser encarar umas bocas crueis...

mas eles merecem, afinal, tratam nossas bocas com crueldade, inclusive qdo fazem comentários que nos obrigam a comentar, mas ocmo estamos de boca aberta nao conseguimos e ficamos maltratados =pp