Desde o princípio da greve, no dia 08 de agosto, a questão
principal entre os professores, na minha opinião, é a adesão dos próprios. Ao
anunciarem a greve, na quarta à tarde, eu mesma andei pesquisando entre os profissionais
amigos próximos a fim de coletar quem estaria aderindo ou não ao movimento. Daí
vi dois extremos se formando: os que aderiram a greve com direito a passeatas,
camiseta e tudo mais, e os que estão com horror a greve, com direito a se
sentirem agredidos e coagidos pelos grevistas.
A questão é: tive de me retratar com amigos professores não
grevistas sobre minha posição. Agora também tenho de me retratar com amigos
grevistas sobre minha posição. Não entendo: por que tanta retratação, meo deos?
Um lado não quer comprometer o salário, as férias, a posição na escola. O outro quer o rim do prefeito e da secretária de educação. O que EU quero? (eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é...).
Um lado não quer comprometer o salário, as férias, a posição na escola. O outro quer o rim do prefeito e da secretária de educação. O que EU quero? (eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é...).
Bem, musicalidade a parte, claro que quero mais respeito
para com a classe (que é a minha, by the way), e um plano de carreira digno; para
de ouvir piadas sobre nossas férias de mais de um mês por ano, se uma pessoa
comum estivesse exposta ao que estamos regularmente iriam entender bem a
história das férias. Não atoa a classe professoresca é atuante assídua na
farmácia atrás de rivotril e cia ltda. Outra reinvindicação interessante: vale
farmácia. Afinal, quantas vezes no ano tive sérios problemas na garganta? Com
um vale farmácia, atenuaria a questão, já que problemas na garganta não é
motivo para qualquer tipo de afastamento no trabalho.
Obviamente, sou do lado grevista. “Obviamente” pra quem me
conhece levemente. Apesar de ponderar no início, sabia que esse seria meu
destino. Deste modo, assumi minha posição e os motivos que me fizeram optar por
ela, mesmo arriscando salário, mês de férias e afins. No entanto, passado mais
de um mês de greve e com o triste episódio de professores sendo arrastados por
policiais pra fora da câmara, parece que o sangue subiu aos olhos e todos
professores que lá estavam presentes QUEREM SANGUE.
O que não entendo é o vandalismo dos que lá vão, acampam,
militam corporalmente, mas perdem as estribeiras morais ao dizer que o colega
de classe (que o próprio militante louva defender), não deve aceitar o aumento
de salário e demais benefícios vindos da greve e da luta. Primeiro, a luta vai
além de ir lá, invadir câmara, de levar porrada. Se alguns apanharam, uma pena. Mas todos não precisam
apanhar pra entender a importância disso. Ponto. Segundo, se eu estou
participando das caminhadas, protestos e etc, devo ter a serenidade de cativar
os colegas não-grevistas, e não a empáfia de achar que o que EU faço é o mais
correto. E se o outro não achar? Simplesmente: o óbvio não é obvio pra todos.
Dentro dessa greve ou de qualquer outra manifestação ou
união de classe enfrentamos UM grande problema: de ser humano. A gente quer
mudar o outro, obrigar, intimidar e não OLHAR com uma perspectiva diferente dos
olhos cheios de sangue ou cheios de indiferença. Há muito mais por trás dessa greve que supõe nossa
vã filosofia: são muitos profissionais de diferentes formações e diferentes opiniões,
e um sombrio maquineísmo político dos lados de Paes e do próprio SEPE. Contentemo-nos
então com a maioria.
Por último, dentro de uma classe desaculturada que é a nossa
dos professores, é uma vergonha TOTAL ver colegas desencorajando os demais a
participar dos eventos da cidade (como o festival do rio), ou de simplesmente
sair; parece que os companheiros revolucionários estão até o pescoço de nossa herança
cristã de querer catequizar a tudo e todos com a premissa do sofrimento e do
padecimento.
Greve, sim. Extremismo político, não.
Tenho dito, esta é minha
posição.
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