sexta-feira, 1 de julho de 2005

verdade?

Muitas vezes me sinto num muro, ali na beirada pendendo de um lado e outro. Calo-me, não me zango e não emito juizo de valor. Estou ali e só, pq na verdade não sou eu a pessoa apta a julgar o errado dos outros.
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“Encontrei hoje, em ruas separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado um com o outro.
Cada um contou a narrativa de porquê se haviam zangado.
Cada um me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões.
Ambos tinham toda razão. Não era que um via uma coisa e outro outra, ou que um via um lado diferente.
Não; cada um via as coisas exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do outro, e cada um, portanto, tinha razão.
Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.”
Fernando Pessoa

Um comentário:

Pablito disse...

Hola!!!
Ai, este problema é um dos grandes problemões da filosofia: "Quid es veritas?" Não me arrisco a falar muito sobre isso, ainda. Também me calo! :) Preciso pensar mais... e depois mais pensar.. e demais de pensar pensando... indo, indo, indo...
Ah, o Fernando Pessoa também é o que há!
Beijos!