quarta-feira, 27 de julho de 2005

Chegando então em casa. A volta foi agradável, uma temperatura amena e uma gripe em todos. Não pude deixar de observar cada centímetro da estrada como se tivesse de gravar em meu cérebro, porém acabei por cochilar em alguns momentos...

O verde era verde de vários tipos, camuflando gente, flor, bixo e a mim mesma naquela paisagem de morros e morros. Altos e baixos, como dentro da gente, como me senti várias vezes, oscilando de cá para lá em curvas fechadas de exigir atenção mais que dobrada. Estive a criar historinhas paras as pessoas que viviam nas casinhas da beira de estrada, para os sertenejos que via passar, ou na lida. A vida na roça, como é sofrida, eu me admirava e admirava cada pessoinha q passava, e via meninos soltando pipas, meu sonho de pequena era soltar um pipa. E via o senhor com a enchada passando na beira da estrada, para onde ele iria serpentiando por aquela estrada sem fim? Para onde descabaria a vida dela que bem naquele momento cruzava com a minha, ele com o chapeu preto, com o rosto sofrido, com a sandália caminhando passos curtos... E cruzava comigo naquele momento, ele olhou para mim e eu retornava o meu olhar atônito: eu existia na vida dele por uns segundos, ele existiria na minha mais do que isso.
E continuavam as curvas, e chegou uma hora q me forçava a ficar acordada, o olho desobedecia e fechava. Tanto verde igual-diferente que eu queria observar. Mantive aquela dança dos olhos por uns instantes, logo o olho vencia e fechava. Fechava consciência, fechava verde... Ia pra não sei aonde. Acordava depressa, onde estou agora? Mais verde, mais buracos. Certo momento haviam um grupo de homens que tampavam os buracos (tantos tantos) com o barro vermelho (que gruda que é uma beleza no asfalto) e colocaram a plaquinha: 'colaborem por favor'. Eu colaborei, com dinheiro, com um obrigada, pq eles faziam aquilo... Não tinham nem carro... TInham esperança de conseguir o jantar a li de certo, e eu agradecia com os olhos empapados de lamúria por tanta tanta... tanto descaso. Comigo, com a estrada, com eles. Não cuidam da gente. Não nos cuidamos, o governo não cuida, eu não cuido. Ahh, a culpa, ela cruzou com o verde e se destrambelhou pirambeira abaixo. Ficou o verde e o barro vermelho (lembra a Itália, bandeira :P).
Junto com a paisagem vinha a música, eu escolhia, escutei Kid Abelha, meu lado meloso é esse. Meu pai não gosta. Escutei também 'eu presto atenção no que eles dizem mas eles não dizem nada', e nenhuma palavra me dizia, ou dizia o que eu via, a paisagem se dizia e era só. Só eu e a música e a paisagem, livres. Presa era eu, em casa imagem, casa curva, árvores com flores lilases não faltavam, parecia que sabiam que era eu quem estava passando. Eram lilases para mim, eram sim. E eu me fazia verde pra elas. Éramos natureza, natural, eu queria estar lá, saltar do carro, parar tudo tirar uma foto e olhar sorrindo pra dentro de mim: eu seria feliz. Observando plantações de café, vaquinhas pastando, homens capinando, crianças brincando, mulheres esperando. Eu era feliz, de um feliz que é, permanece.

Páro na parte da felicidade. Deixo a lua para depois e com ela a inquietude.

:)

Saudades do blog...
As férias de internet acabaram!

4 comentários:

Lizi disse...

Ahh, também sofro do mesmo tipo de divagação que tu, qdo volto de viagem... Lembro-me que certa vez, minha mãe disse que tinha vontade de parar em cada casebre de beira de estrada, para dar um abraço em quem ali vivia. Durante a noite, aquelas luzinhas acesas no meio do nada, totalmente rodeadas pelo verde-preto, onde tudo é descampado. Pessoas sofridas... Ah, vida. Lilás ou não, ah vida!

Te cuida, tchê! Melhora da gripe!!!
;*'s ao 8

Pablito disse...

Putz, que coisa linda isso, mil-vezes-meditável:
"Altos e baixos, como dentro da gente, como me senti várias vezes,...".
Beijos.

Lizi disse...

Melhores em que? Melhores em tudo: melhores amigos, mehores alunos, melhores pessoas (sim, sempre ajudávamos os outros), melhores em serem melhores...
hihaihaia
É engraçado, mas é verdade. Todos nós tomamos um rumo na vida, enquanto os demais se perderam na selva escura :|
Mas é a vida, lilás ou não, vida.

Continue conosco, os melhores, ainda que virtualmente, pois sabes que no coração sempre estaremos contigo, ôô carioca!
Mas é uma carioca "sefazida", mesmo! Nem postou hoje... ¬¬
Beijos ao 8!!!

Lizi disse...

Ah, nos teus blogs FaHvoritos, clocaste o título do blog do Fábio errado, não é Uepa, o certo é aepa (se é que faz alguma diferença). ehaiuehiuae :P
Se o cara não é fã do Riky Martin, pode até rolar um stress... /me evitando brigas :P
hihhihiha

Tô com saudade, por isso não paro de vir aqui =~ :P