Na 6ªfeira, dia de choppada de letras, estava eu lá com uns amigos jogando sueca (que quadro esse), quando, ao nos expulsarem da mesa, ficamos em pé ao lado do palco e a pouco começa um senhor (pinta de vovô) a tocar bateria. A princípio pensei q fosse só ensaio pra alguma banda, depois reparei que seria só ele e um saxofonista a tocar alguma coisa. "Alguma coisa" que seja lá que coisa era, transcendeu a alma indo pra esfera do indizível. A bateria não era das melhores, nem das mais novas. Mas ele tocava de um jeito como se ela fosse tudo na vida dele, com ímpeto de quem está se realizando por uma vida inteira... Sentido, havim todos. Sentimentos, só os mais cobiçados. E eu assistia a tudo extasiada, pensando cá com meus botões se poderia eu algum dia sentir um alguma coisa parecida.
Conversando depois com um amigo surgiu da parte dele a frase: "queria fazer algo no qual eu fosse bom". Surgiu dentro de mim a idéia do senhor da bateria que era muito habilidoso no que fazia, que fazia aquilo com a alma. Surgiu uma lacuna, estaria eu caminhando pra algo assim ao viver como vivo, ao traçar o futuro como traço, ao acreditar que um dia possa ser, quem sabe, dependente só das minha convicções? Acredito que esteja fazendo algo no qual eu seja boa: um dia vou ensinar... ou não, aprender e só. Um dia é tão vago que se perde na vagareza do tempo que se fica assistindo passar.
Aí, penso eu, que um sentido pra tudo isso seja mesmo achar alguma coisa que nos faça ir além do limitado, além de quem nos limita, só além... E seja talvez esse o limite que só se possa ir sozinho. Por isso muita gente desista de chegar nele.
Por enquanto decidi em não pensar nele, naquele senhor tocando bateria, ou em qualquer coisa que me faça sentir tão formiguinha. Será que tem cabimento isso?
Enquanto os moços descutem maravilhosamente filosofia, eu fico com as questões mais aleatórias possíveis... aaarg, vou fazer o fichamento já!
3 comentários:
"Enquanto os moços descutem maravilhosamente filosofia, eu fico com as questões mais aleatórias possíveis..."
exatamente. também ando me sentindo muito formiguinha..
bjão, moça.
QUE!?!?!?!? Choppada!?!?!?!?!? A senhora!?!?!?!?! MAS QUE ABSURDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Sinceramente, hoje eu gostaria de ser uma formiguinha. Ao menos as formiguinhas não precisam entregar trabalhos chatos.
Apesar de estudar filosofia, acho que o existencialmente relevante tem passado longe dela. Vejo muita vaidade na maioria dos filósofos que me dão aula. E pouca humanidade, pouca vida. Não quero ser assim. Por isso, escrevo. Por isso, amo - às vezes.
Gracias pelo texto.
Beijos.
Postar um comentário