quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Quando me fiz lilás


Quando me vesti com o lilás que me vês ainda nem tinha idéia do que seria isso. Cresci ali, diferente, a parte, com toda sorte de mundo pro lado de dentro. Via estrelas por horas - as mesmas estrelas do quintal da vovó no Rio apontadas pelo tio, aquelas do terraço da casa da tia em Minas que me assombravam deslumbre, ou aquelas testemunhas de grandiosas lágrimas em Porto Alegre – as mesmas, decorando o recorte daquele céu assim.
Gostava de cantar por horas também, alto e estridente, cantava lilás na casa da vovó até q na noite de Natal alguém mandou calar a boca ao modo clássico. O lilás sobreviveu, a cantoria não. Até que chegou o dia em que passei meses em dúvida se eu saberia voar ou não. É, sonhei com isso certa noite e foi tão real... E voei lilás, voei na frente de amigos que se espantavam. Depois aprendi outros vôos, e surpreendi amigos pelo quão alto que iam minhas idéias, quão alto que deixava planar meu senso de respeito, liberdade e aleatoriedade.
Então, fui me tornando lilás quase que imperceptivelmente aos olhos comuns. Dentro de mim me aflorava. Por fora observava. Pelos outros pouco notada, poucas almas encontrei com tamanha sensibilidade. E ainda são poucos, bem poucos de milhões que chegam lá.

Um comentário:

Oibaf disse...

Azul? Tristeza.
Vermelho? Paixão.
Verde? Esperança.
Branco? Paz.
Preto? Pureza.
Lilás? Bem... lilás tem dono.