Mais uma vez no dentista para tirar o dente, desta vez não era siso! Era o tal extra-numerário localizado na parte esquerda inferior da boca, ali na gengiva. Imagem que eu estava tensa, afinal venho acumulado experiências consideráveis uma atrás da outra (opa, capcioso!).
Desta vez era um doutor chamado Felipe, com cabelo começando a ficar grisálio, com bom humor e tranquilidade. Ele cantava pra colega de trabalho 'Me dá um beijo então - imediatamente ela reage 'mas que perigo' - aperta a minha mão, tolice é viver a vida assim sem aventurar', e ele completa "só estou cantando a música". Eqto isso dona Fabíola jogada na cadeira naquela aflição, com borboletas espetando a barriga de nervoso mesmo.
Então, ainda antes de começar tenho de ouvir o espetáculo da ajudante que não sabia colocar a luva esterelizada! O que foi aquilo, estava para virar e dizer "olha, não precisa de ajudante não, deixa assim!". Esses médicos tratam o consultório como o quintal de casa.
Na cirurgia, com anestesia de sobra, ele fazia força aqui, acolá e eu pensava tristemente se deveria mesmo fazer aquilo, afinal o dente estava ali incomodando ninguém, era só por motivo de estética que o tiraria (para mover os dentes de cima sem q ele atrapalhasse). E ficava naquele duelo de consciência, me achando uma pessoa das mais superficiais e masoquistas por fazer aquilo comigo mesma. Quando chegava ao clímaz da dicotomia interna o médico avisou "acabou tá Fabíola". Ué? Mas já? Assim? Eu quero continuar com meu conflito interno!!! É mal eu sabia que teria tempo de sobra pra continuá-lo.
Próximo estágio: os famosos pontos. Essa parta da cirurgia tem duas faces: a alegria de estar acabando e o sofrimento de sentir a agressão da agulha na pele. Assim, com os pensamentos conflituosos sumariamente arrancados de mim, comecei a esperar ansiosamente pelo 'acabamos'. No entanto, te juro, ele passou mais 20 vezes aquela linha na minha boca! E costurava, costurava, costurava... E cadê o fim, meu Deus? Me abandonaste?
Em certo momento abstraí, comecei a pensar na aula de litingle V e o 'garden-party', a globalização e consequências humanas de inglês VII, o aniversário que sei lá o que farei da vida em termos sociais... E acabava? Não tinha mais o que pensar! Então, sem querer, deixei minha atenção cair na agulha entrando com dificuldade, entrando a linha, passando pela carne toda durinha da gengiva...
E foi assim a quinta experiência de extração dentária...
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