quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Alguém sumiu
Cadê a aleatoriedade de tudo? Os advérbios? O lilás? A cor?
Volta e meia o matiz se perde pela estrada, mas a reconquista dele é sempre um momento especial e aguardado. Espero encontrar a pessoa que abandonou esse blog em breve. Espero dizer que essa pessoa é muito quista por mim. Espero amar essa pessoa.
Na multiplicidade do que somos por vezes esquecemos uma parte da gente por aí. Deixamos essa parte em pedaços, como um quebra-cabeça faltando peças, esperando ser reconhecido como forma toda e figura que é. Vamos nos recriando e nos deixando, como troca de pele, troca de de pensamentos, troca de palavras, troca de tecnologia.
O que quero? Quero por um momento pensar melhor nessas trocas todas e dividir isso comigo mesma.
sábado, 16 de julho de 2011
alma gêmea
Passávamos por uma loja de animais e, como sempre fazíamos, nos demorávamos um pouco vendo os cachorrinhos. Estávamos mamãe, irmã, tia e eu. O caso é de soslaio observei uns cachorrinhos poodles da cor marrom. Eram três: um dorminhoco, outro desconfiado e um último bastante animado. Esse animado cativou minha’lma. Foi grande a impressão que aquele cachorro fizera, no entanto, mamãe deixou claro que papai nunca aceitaria mais uma tentativa de cachorro lá em casa (seria a terceira em um semestre). Cheguei em casa com aquela angústia infantil visível até no maior dos insensíveis. Como haveria daquele cachorro animadinho ser meu? Então fiz a proposta: pago pelo bicho. Coração de mãe não agüenta com essas coisas, e muito menos com irmã caçula demonstrando tristeza através de lágrimas. O animadinho haveria de ser nosso.
Minha tia se propôs a buscá-lo de bicicleta. Deixei claro que queria o mais animadinho, com o pêlo mais rarefeito, era o mais animadinho. Saberia que o reconheceria assim que o visse. Ao chegar, porém, veio minha tia com o cachorro de pêlo mais escuro: era o dorminhoco. Decepção se apossou de mim: como poderia ela ter feito aquela tragédia? Eu tinha encontrado minha alma gêmea no animadinho de pêlo rarefeito, e ela me traz o dorminhoco de pêlo bem escuro por achar assim o “mais bonito”? Que se tem beleza a ver com amor? Ah, teria de me contentar com o dorminhoco.
Não foi difícil de papai aceitá-lo, difícil foi mesmo deixá-lo alguns meses depois porque nos mudamos para Santa Catarina. Ficou com vovó e vovô desde então, e o visitávamos todo o ano (assim como a todos os parentes, é claro). Passavam os anos e ele era o único a demonstrar a mesma grande empolgação em nos ver, como se fosse 1997. Todo ano, todo ano, lá estava ele, Beethoven, que de dorminhoco não tinha nada: era um grande brincalhão, amoroso e super dócil.
É engraçado que o tempo passa e a gente não dá o mesmo valor as pessoas, coisas e afins em nossa vida. Com o animalzinho não foi diferente. Passou o tempo, mesmo morando aqui no Rio, visitas eram esporádicas. E quando lá ia vê-lo, mal lhe dava bola. O cachorro passou a padecer dos mais variados achaques, se muito um olhar de pena consegui lhe dar.
Ele se foi faz pouco tempo. Fez-me então pensar: no céu aceitam cachorros? Há de haver céu sem cachorro? Há céu? Não sei, não sei... Sei que Beethoven se fez amar por todos e foi amado de volta, como merecia. Ele me fez uma criança mais feliz, e foi minha primeira grande vontade de infância.
Beethoven não foi o escolhido como alma gêmea, mas o acaso quis que ele se revelasse diante de mim como verdadeiro companheiro. Foram 13 anos, 13 anos de saber que ele sempre estaria lá. E agora, quem estará? Ter cachorro tem dessas coisas...
quinta-feira, 30 de junho de 2011
June
Dentro da vida aleatória lilás (se é que interessa a alguém), até agora tivemos muitas indecisões, viagens feitas e desfeitas, filmes e livros interessantes vistos e revistos, e um novo emprego para capitalizar um pouco a sua humilde narradora (parafrasiando Alex em "Laranja Mecânica").
Na parte de indecisões, algo como "caso ou compro uma bicicleta". Mas pensei bem, para que casar com a pouca idade? Para que ter uma biciclete em pleno Rio de Janeiro? Então, nenhum dos dois. E esta seria a metáfora da resoluçao das minhas indecisões: se tenho de escolher entre duas opções, crio uma terceira que fique racionalmente mais adaptável a minha vida.
Viagens feitas, foram as do início do ano (Inglaterra, Itália, Alemanha), além da viagem para ver a família em Governador valadares e para ver os amigos em Curitiba. Agora, desfeitas foram as do feriado (feriado do tapete, mais especificamente - e se vc nao sabe o que é o feriado do tapete nao está certamente vivendo nesta órbita) e minha falta de planos para meus míseros dias de férias em julho. Mas hei de resolver essa massada!
Agora, de filmes e livros interessantes ando transbordando. Vi o maravilhoso filme turco "Contra a Parede", no qual me apaixonei pelo protagonista. Em relaçao a livros, acabei de ler Brave New World, Clockwork Orange, isso nas últimas duas semanas que tive de frequentar as aulas teóricas da auto-escola (muito úteis essas aulas como se pode perceber, tanto quanto as aulas de sociologia de educaçao na faculdade de educaçao).
Novo emprego, aulas um pra um. Desafio, adoro um. Já nao consigo me dissociar de dar aula, é tudo tão preenchedor.
Muita coisa fica de fora aqui, como os planos pro mestrado, ou planos de mudar para algum lugar. O que continua é a operaçao saúde, na tentativa de me tornar mais saudável. Mais saudável pro corpo, pra mente, pra alma e... pro coraçao. Vou continuando na minha tentiva.
terça-feira, 28 de junho de 2011
sábado, 25 de junho de 2011
sexta-feira, 24 de junho de 2011
quarta-feira, 22 de junho de 2011
segunda-feira, 20 de junho de 2011
domingo, 19 de junho de 2011
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Day 17: Least favorite book adaptation Hitchhiker's Guide To The Galaxy
quinta-feira, 16 de junho de 2011
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Day 14: Favorite documentary - Fahrenheit 911
segunda-feira, 13 de junho de 2011
domingo, 12 de junho de 2011
sábado, 11 de junho de 2011
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Day 9: Favorite musical : Moulin Rouge
quarta-feira, 8 de junho de 2011
terça-feira, 7 de junho de 2011
Day 7: Favorite animated feature - A Viagem de Chihiro (Spirited Away)
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Day 6: Favorite horror – The Shining
Day 5: Favorite action: Clockwork Orange
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Day 3: Favorite comedy - Little Miss Sunshine - Little Miss Sunshine Growl Scene
quinta-feira, 2 de junho de 2011
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Day 1: Favorite film - O Fabuloso Destino de Amélie Poulain - Trailer Legendado HQ
Filme fahvorito nao poderia ser outro, que nao fosse esse com o fahbuloso destino.
30 day movie challenge
E os dias serao:
Day 1: Favorite film
Day 2: Least favorite film
Day 3: Favorite comedy
Day 4: Favorite drama
Day 5: Favorite action
Day 6: Favorite horror
Day 7: Favorite animated feature
Day 8: Favorite thriller
Day 9: Favorite musical
Day 10: Favorite foreign film
Day 11: Favorite kid's movie
Day 12: Favorite love story
Day 13: Favorite chick flick
Day 14: Favorite documentary
Day 15: Favorite play adaptation
Day 16: Favorite book adaptation
Day 17: Least favorite book adaptation
Day 18: Film that is your guilty pleasure
Day 19: Film that made you cry the hardest
Day 20: Movie with your favorite actress
Day 21: Movie with your favorite actor
Day 22: Movie you wish you could live in
Day 23: Movie that inspires you
Day 24: Movie with your favorite soundtrack
Day 25: Movie with the most beautiful scenery
Day 26: Movie you're most embarrassed to say you like
Day 27: Movie with your favorite villain
Day 28: Movie with your favorite hero
Day 29: First movie you ever remember watching
Day 30: Last movie you watched
Special Day: Custom [That means, that I will always post for some period of time a Rule of today (as the most favourite, least favourite, etc.) but some special one. Post it like any other day, you can add a youtube video and type it as the "Special Day : XXX", of course u don't have to do it, it's just for fun:) ]
Before your post type @30 Day..(button will pop-up) on your wall, so it will appears also on our page.
terça-feira, 31 de maio de 2011
sábado, 28 de maio de 2011
day 28 - a song that makes you feel guilty - Radiohead - Creep
sexta-feira, 27 de maio de 2011
day 27 - a song that you wish you could play - Billy Idol - Dancing With Myself
Reverso
quinta-feira, 26 de maio de 2011
day 26 - a song that you can play on an instrument - Borboletinha ta na cozinha... Com BATERIA
quarta-feira, 25 de maio de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
day 24 - a song that you want to play at your funeral - Little Person - Jon Brion
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Em curitiba
Tenho s'o de agradecer por ter amigos tao tao tao tao bons. Em todos os estados.
sábado, 21 de maio de 2011
sexta-feira, 20 de maio de 2011
quinta-feira, 19 de maio de 2011
quarta-feira, 18 de maio de 2011
tenho pensado
day 18 - a song that you wish you heard on the radio - Queen - Radio Ga Ga (Lyrics)
terça-feira, 17 de maio de 2011
day 17 - a song that you hear often on the radio -Roy Orbison You Got it
segunda-feira, 16 de maio de 2011
day 16 - a song that you used to love but now hate - Charlie Brown Jr Papo Reto
day 15 - a song that describes you - Yael Naïm - New Soul
sábado, 14 de maio de 2011
sexta-feira, 13 de maio de 2011
quarta-feira, 11 de maio de 2011
day 12 - a song from a band you hate - N Sync - Bye Bye Bye
terça-feira, 10 de maio de 2011
day 10 - a song that makes you fall asleep - Legião Urbana - A Via Láctea
ps. o Mr. Pi fez um "pijama sujo" ligando pra minha amiga Carol. E então ligou pra mim, que tava morando em Rio Grande e Carol e eu ficamos conversando no ar. Foi super legal. E como eu nao lembrava disso fazia tempos? oh!
day 09 - a song that you can dance to -Sophie Ellis Bextor - Murder On The Dance Floor
domingo, 8 de maio de 2011
day 08 - a song that you know all the words to -The Cranberries - Linger
sábado, 7 de maio de 2011
UPPs do coracão
Agora, com todo sucesso, não paro de me perguntar se haveria alguma UPP para o coração. Com intuito de controlar os conflitos internos, viria a unidade e tomava conta do que é incerto. Traria ordem e progresso, da maneira mais impessoal e positivista, sem dramas existencias ou pesar na consciência. Iria intermediar os iminentes conflitos entre gangues rivais, desocupando-as dali e trazendo a paz enfim, sem mais guerras e relatiações. Iria também remediar o desconcerto das decisões mal tomadas e o desassossego sentimental que acomete a alma subitamente como que causada por alguma substância ilícita.
Ah, preciso de UPPs pro meu coração...
day 07 - a song that reminds you of a certain event - Des'ree Life
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Dia Especial
Hoje é o aniversário de uma grande amiga. Uma amiga que faz parte de quem sou como pessoa, que gosto de dividir as aventuras do fahbuloso destino, que gosto de escutar como a melhor melodia da terra.
Nossa existência é feita de mudanças (de lugar, de quem somos), mas que possamos manter a essência do jeito que está. A essência de sermos uma para outro como um espelho que reflete tudo que a gente não queria ver e que no final, vemos e decidimos ser o melhor que podemos ser.
Parabéns, Lív Mary.
day 06 - a song that reminds you of somewhere - Cidadão Quem - Dia Especial
"Se alguém já te deu a mão e náo pediu mais nada em troca, pense bem pois é um dia especial"
indeed.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
day 05 - a song that reminds you of someone - Pink Floyd. Fearless
De tantas músicas, acho que nem a própria pessoa poderia imaginar que eu lembraria dela justo por essa do Pink Floyd. Isto pq esta foi uma das milhares de músicas divididas em conversas mais que aleatórias. Segundo me disse, essa música é trilha de um filme que o cara teme tudo e que ele encontra uma pessoa que o ajuda a superar os medos. Nunca esqueci da música, nunca esqueci desta conversa em especial. Pena que não superamos nossos próprios medos juntos :)
quarta-feira, 4 de maio de 2011
terça-feira, 3 de maio de 2011
day 03 - a song that makes you happy - Supergrass - Alright
segunda-feira, 2 de maio de 2011
day 02 - your least favorite song - Vou não! Quero não! Posso não! Minha mulher não deixa não!
domingo, 1 de maio de 2011
day 01 - your favorite song - The Cure - Friday I'm In Love
O ano foi 2004, o lugar foi Rio Grande, encontrei a réles patuléia na minha vida (o que geraria o "Ai, minha vida!") e encontrei um mar de influência musical boa (que por sinal é basicamente a mesma até hoje, uns 6 anos depois).
Ademais, I'm always in love on Fridays ;)
30 Day Song Challenge
Achei interessante começar aqui no blog no dia primeiro de maio, logo teremos até o dia 30 de maio para cobrir todas as cançoes do desafio. Dia 31, quem sabe, não temos um bonus.
Que assim seja meus leitores ocultos. Ao menos um mês de posts está garantido.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
I won’t miss you at all
Dear, I do not miss at all
Because it’s like you are always there.
I think of us sharing our thoughts
Completing each other’s sentences
And talking about we do not need to.
I do not miss you, no… I couldn’t…
Because you are in the inner part of my heart
As a true friend that I knew
I’d find somewhere, someday
Like my own bright star.
I do not miss you for sure
Because it’s natural to think that
Things are gonna be alright
And that soon we can be ourselves
Dreaming, creating, imagining…
I could never miss you after finding you
‘cause I felt such calmness and warm feeling
That you’d be there after all,
Trying to be the best we could be.
This was the only feeling I asked for.
I sure miss the moments
That maybe we’ll never have
The laughs we ‘re never gonna share
The pleasure of simply living each day
Without thinking much about do’s and don’ts.
I’ll try not to miss
The love we're never going to confess
The feeling of you hugging me tenderly
Your voice telling what I don’t need to know.
Oh, dear… I won’t miss you at all!
domingo, 24 de abril de 2011
minas
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Um quê de mudança
A mudança boa é boa e pronto! Sem muito que explicar, mas somente de se sentir em satisfação. Por vezes, a mudança boa vem num processo devagar e tortuoso, como o encaixe de duas placas tectônicas. Já os tipos de mudança ruim (sendo um pouco dicotômica na nomenclatura, perdoe), pode se dar quando você não se encontra mais feliz com aquele emprego que você achava o máximo: tudo vai desaproximando de você, não se é mais o mesmo, os colegas de trabalham estranham `como Fulano está mudado`. Sim, Fulano tem de estar mudado dentro do processo de enxergar que aquela posição que sempre quis na verdade não é nada do que se quer, e fica então bolando maneiras de sair dali. O que acontece, simplesmente, é que os caminhos se desviam, não se encontram mais. Logo, o mais sensato a se fazer é em algum momento mudar o emprego.
O mesmo pode acontecer nos famosos relacionamentos amorosos. Duas pessoas que se gostam, de repente, uma nota a outra diferente, nota o olhar distante, nota que o carinho já não é o mesmo. As duvidas começam a emergir na mente “será que Fulano encontrou outro alguém”, “será que estou fora de forma”, “deveria eu pintar meu cabelo de verde florescente pra ver se melhora”. De fato, meu amigo(a), se isso acontecer não adianta mudar a cor do cabelo, mandar buque de rosas, fazer serenata ao pé da janela ou tentar relembrar tempos idos (quando ambos eram diferentes do que são hoje). O que aconteceu foi o inevitável: a mudança chegou. E foi daquelas de geram o desencontro, onde a pessoa vai para outro rumo naturalmente, sem esforço algum, mas por necessidade própria. Como se fosse um quê de sobrevivência inerente na situação, a pessoa precisa se livrar de você, precisa encontrar outras pessoas , pessoas diferentes de você. Dói, não queremos ser parte do passado, fora de moda, démodé. Mas pensa bem, por dois segundos, antes parte de um passado pra recordar (lembrou do filme, né?!) do que de um presente que tá mais pra dramalhão mexicano.
sexta-feira, 11 de março de 2011
Águas de março
A chuva de março já foi imortalizada na música e na TV pelos desastres ano apos ano. As águas de março estão pra sempre se renovando a cada ano dentro de nosso dia-a-dia, como uma data festiva que todo ano acontece.
Espero eu que essas águas me tragam serenidade e que leve consigo todo rancor, a falta de esperança, o pessimismo. Deixe comigo só a serenidade, de nada mais preciso. Preciso só disso: serenidade e meia dúzia de amigos.
E assim vou fechando o verao.
terça-feira, 8 de março de 2011
O carnaval da alma
Tem tempos que a alma pede por uma festa própria. A alma pede desfile das últimas reflexões, votação da melhor metáfora e o bloco das decisões por tomar faz seu caminho pelas ruas abandonadas pelo desgosto escondido. È tempo de pular o carnaval de si próprio, com a batida melódica do tamborim monossilábico e o choro da cuíca ao fundo. Um carnaval com o melhor matiz cinza, mistura inconfundível de preto e branco, aa cores dessa escola de samba.
segunda-feira, 7 de março de 2011
Adele - Someone Like You (on 'Later Live with Jools Holland') - Nov 2010
sábado, 5 de março de 2011
Capítulo II - God save the Queen... and the CELTA course
O nublado de Londres me apetece a alma. O inverno londrino, em toda sua rispidez e frieza, me acolheu em seu seio e me fez olhar para a diversidade de Londres de uma maneira saudosa. O ar blasé das pessoas no metro, Oxford Street, milhares de turistas, os museus gigantescos, os londrinos com as mais diversas ascendências, o café da manha típico que mais parece um almoço, o jeito rock n roll de ser, as vitrines on sale. Tudo isso num misto de cinza com azul escuro que foi incrustrado em minha alma.
Sempre pensei que um lugar cheio de diversidade étnica, com a exceção sendo a regra, com cultura transbordando por todos os cantos, com uma história fascinante, com pessoas gentis, mas não intrometidas na sua vida. Com um quê de acolhedora e um alfabeto inteiro de cosmopolita. Encontrei esse lugar, é Londres sim senhor. Desde o primeiro dia no metrô nos apaixonamos mutuamente... Londres e eu.
Com o começo do curso (CELTA course), comecei a viver uma rotina. Acordar, preparar as coisas, pegar o metrô, chegar em Bond Street, trocar para Central line, ir pra Holborn station, subir as escadas rolantes eternas, andando do lado esquerdo bem rápida, como se precisasse tirar o pai da forca. Chegar na superfície, andar umas quadras até a escola. Chegar lá, subir mais escadas até o quarto andar. Ou, de vez em quando ir para o quinto andar e receber alguma orientação sobre o plano de aula. Começar a aula com o Darren e seu jeito peculiar de ser seco e objetivo. Em seguida, uma pausa de 10 minutos para comer algo, imprimir algo, subir e descer escadas, ligar pra casa, pra quem se gosta pra sentir o conforto da voz e partir parar próxima aula com o professor que parece o Hugh Grant, só que mais alto e magro, sem dúvida. Aula terminar 15h e ter até 16h para terminar de preparar a aula de 16h (lesson plan, material pra distribuir, placa do tempo comigo (número 5), canetas com Craig (número 3), e os outros números (Alisson, Seema e Elisa) a dar qualquer suporte necessário, pegando sempre a lista de chamada lá embaixo, testando USB Keys, dando o suporte psicológico um para o outro. Terminada a aula, hora de comentar o que deu certo primeiro com os comentários dos colegas, depois o que deu errado com os comentários do tutor. Ir embora pensando nas milhões de coisas para o próximo dia. Andar até Holborn até Bond Street onde troco para Jubilee line e, finalmente, Willesden Green. Lar, doce lar, e talvez antes passar no mercado para comprar a comida pronta, colocar no microondas e ir para frente do computador preparar trabalhos, planos de aulas, etc, etc, etc.
Foi só um mês disso. Um mês tão intenso que ao terminar parecia que tinha se passado um semestre inteiro. Um mês com uma turma adorável, com pessoas de personalidades peculiares, mas todos muito gentis. E como dizem, gentileza gera gentileza. Não poderia dar em outra coisa, os últimos dias de aula resultaram em certo sofrimento, pois em pouco tempo cada um iria para seu canto, uns iriam casar, outros iriam pra china, ou pra Turquia ou pra realidade que ainda não tinham encarado de ter de procurar emprego em breve. Todos procurando um novo rumo na vida, jovens ou não tão jovens assim.
Fiquemos por aqui... em outros posts, mais sobre a turma CELTA 5.
Assim seja.
sexta-feira, 4 de março de 2011
Capítulo I: A via crucis do corpo
O título desse post evoca uma obra de Clarice Lispector. Mas não é esse o assunto daqui. Aqui teremos um assunto atemporal que se agravou demais nas férias, com todos os conflitos e julgamentos próprios do assunto. Aproprio-me do bendito título para dar meu testemunho sobre a questão da perda e (principalmente) ganho de peso desses últimos meses.
(o post será longo, mas eventualmente poderá valer a pena, principalmente para aqueles que lutam com sua imagem no espelho.)
Quando menor (e maior tb) nunca pensei muito nessa questão de peso. Ser gordinha ou não, pouco me importava. Mas papai já me alertara tempos atrás, na minha quinta série (hj em dia sexta série), que eu sofreria se não perdesse peso. Aquele dito, sem dúvida, foi o primeiro que ecoou na minha mente e me fez refletir que talvez em algum momento minha vaidade limitada tivesse de olhar para esse assunto.
Na sétima série, ocorreu um milagre: emagreci. Não sei o quanto, mas foi o suficiente para que nas férias de final de ano no Rio os parentes se preocupassem que talvez alguma doença do corpo ou da alma tivesse tomado conta de mim. De fato, meus amigos, algo tinha se dado dentro de mim: tinha cansado de ser tratada como a gordinha da turma. Isto porque eu nem gordinha era! Mas em comparação com as outras ditas esbeltas era eu fruto de comparação como exemplo de quem tinha mais quilo do que o necessário. Silenciosamente, passei a comer menos. Um ano de silenciosa revolta resultou num final de ano infeliz, com pessoas me condenando mais do que gostando da minha mudança na aparência. Minha mãe foi muito julgada como desleixada e por isso resolveu agir, fazendo manjares dos deuses com regularidade. Logo, estava eu encorpando novamente.
Mais de 10 anos me separam daquele tempo (oh, a idade pesa sobre meus ombros). Agora a luta é outra: a luta é pela saúde, por um estilo de vida saudável. Na minha família é muito comum morte por problemas no coração, de ambos os lados, além da famosa pressão alta, colesterol, triglicerídeos, etc. Após a última internação repentina de meu pai, resolvi que daqui pra frente tudo vai ser diferente (como diz aquela música). Demorou um pouco, e com um pequeno-grande empurrão da minha irmã, fui levada para a tão temida academia e começando naquele mesmo dia no final de maio de 2010 a me exercitar regularmente (dois dias na semana por conta da rotina cruel e desumana).
No entanto, foi só aí que me dei conta que fazia tempos que não me encontrava com tal peso. Pela primeira vez eu estava beirando aquela linha que te separa de uma alimentação saudável para uma alimentação muleta de vez (aquele chocolate que te ajuda a esquecer da angustia dos dias basicamente toda hora). Quando me dei conta, não tão silenciosamente, comecei minha luta interna, com todo o sacrifício inerente da situação, passando por momentos de guerra e paz, de comer ou não comer, eis a questão.
A redenção veio quando comecei finalmente a correr (na esteira). Pensava eu que era incapaz de tal proeza, e hoje sinto falta de correr, e não só de correr, como de puxar um ferro (como dizem no popular) e sentir que meu corpo está em movimento, sentindo cada parte dele se esforçando, esticando e pulsando. Não posso negar que um pouco de narciso em mim emergiu quando as pessoas da própria academia começaram a reparar nos meus resultados que se deram em dois meses de dieta (passando a comer de 3 em 3 horas) e aulas de jump, esteira e musculação.
O impasse entra em cena após umas férias na Europa. Em nome do experimento, de descobrir o novo e desbravar novos sabores, acabei por me alimentar com mais calorias do que o necessário. Como consequência, cheguei ao Brasil conscientemente mais pesada, um pouco pelo remorso interno de ter jogado tanto trabalho dos últimos 5 meses de academia no lixo, e, claro, pesada ao pé da letra, desprovida de qualquer metáfora.
Ao reencontrar um amigo de tempos (que entrou no CLAC comigo), ele diz que estou mais magra. Sei que no fundo ele vê a famosa beleza preenchida, aquela de quando se gosta de uma pessoa, você não importa muito com quilinhos a mais. Entretanto, parece que quando voltei fiquei procurando no rosto das pessoas certa reprovação por me encontrar mais cheinha. Procuro e encontrando. Na verdade eu busco nelas minha própria reprovação, minha rigidez e criticidade. O caso é que meus amigos mais chegados e verdadeiramente amigos não conseguem me reprovar só por isso. Aí é quando me sinto cheia de boas vibrações e quando falo para eles que uma jornada em país desconhecido justifica os tais quilinhos (assunto que eu mesma começo).
Isso me faz refletir que para aqueles que colocam os míseros quilos a mais a frente da carroça (que está cheia de pontos positivos, com certeza), talvez essas pessoas estejam mesmo perdendo o melhor da gente: a nossa espontaneidade, o nosso carinho mais fiel, os nossos pensamentos mais inteligentes e sagazes, o pedaço melhor da nossa simplicidade, a luz de nossos olhos, a perfeição de nosso corpo na imperfeição que tem. Temos muito mais para somar para vida de uma pessoa do que um contorno (magro ou gordo) de corpo. Temos muitos mundos dentro da gente querendo ser descobertos, e cheios de boa graça e entusiasmo.
Assim termina essa via-crucis, na promessa de bons tempos corpóreos, de superação dos limites na corrida e com nova perspectiva sobre aqueles que nos criticam pelo corpo perdendo o melhor de nós por serem tão superficiais quanto uma piscina de mil litros (ai, veneno).
Assim seja.
Amém
Introduçao
Depois de um temporada de férias bastante emocionante, volto ao nosso querido e esquecido diário virtual para tentar reestabelecer contato com os seres que aqui ainda possam habitar.
Falar que muitas coisas se passaram é um tanto quanto redundante. Então, aos poucos, vou pensando (e escrevendo) temas que perpassaram esses mais de 45 dias de férias europeias e mais os dias de isolamento consentido antes de voltar à labuta de vez.
Os assuntos atemporais desses dias foram uso de rede sociais, blogs de humor e críticas do youtube. Chamo de assuntos atemporais aqueles que não dependem de um acontecimento no mundo físico (estar trabalhando, entrar de férias). São assuntos que chamam atenção seja lá qual corte temporal que se esteja vivendo.
Este ano espero oferecer nesse blog mais do que promessas (algo que fiz muito bem nos anos anteriores). Espero retomar o gosto pela reflexão sem eira nem beira, sem pensar muitos nos críticos velados que aqui fazem morada em segredo querendo saber minha vibe ao invés de querer saber do que escrevo.
A minha onda agora é buscar uma identidade na escrita. Criticar o que quero, falar dos assuntos que me apetecem e sem medo de ser feliz ou de cópias veladas das minhas ideias, abrir minha mente para o convívio material das letras flutuando nessa nuvem internética. Ou algo do tipo.