domingo, 8 de abril de 2007
Ressurreição
É Páscoa da Ressurreição. Ainda pequena, na catequese que ia por total responsabilidade minha na ânsia de conhecer mais sobre a vida e mistérios divinos, aprendi que Páscoa é tempo de ressurgir outro. Páscoa é o momento depois da tormenta, depois de mergulhar fundo na penitência e no arrependimento de tudo de ruim que possa ter feito, serve para festejar o novo ‘eu’, com direito a bastante chocolate.
O caso é que pensando ressurreição, de Cristo e de Nós mesmos é que enfrento o tema: ética versus moral. De ética, diria aquilo que dentro de nós é aceitável e moral aquilo que a sociedade nos quer que aceite. E dentro desse corpo, tem um só corpo, nós, o mundo inteiro, contra o indivíduo que pensa e formula seus valores.
O caso é que andei pensando muito mais no indivíduo, e verdadeiramente sigo aquele lema “faça que tu queres pois é tudo da lei”, e não é por acaso, pois Deus essencialmente nos deu livre arbítrio. Mas daí temos de ter o bom juízo, buscar assimilar os fatos de modo que não só nos beneficie, mas também àqueles que amamos ou não. Isso é difícil né?
Contudo, quando maximizamos as coisas podemos enxergar melhor o mal de ter livre arbítrio mal administrado (teria mesmo isso?). Imagine um homem que violentou uma menina de 10 anos de idade. Para ele aquilo é totalmente aceitável, pra ética dele não fez nada demais, afinal tudo que ele queria fazer era aquilo (apesar de ser um ato horrendo pra sociedade), então ao ser preso e condenado diz no tribunal: “bem, eu não acho que deva desculpa, porque sinceramente não sinto ter feito algo errado”. Imaginemos a reação de todos, a nossa inclusive, ele seria visto como um monstro frio e calculista (não deixa de sê-lo).
Agora vamos para nosso dia-a-dia: dou uma tapa no rosto da minha irmã por me achar no direito, ela chora e reclama e ainda falo pra arrematar: “bem, eu não acho que deva desculpa, porque sinceramente não sinto ter feito algo errado”. E é aí que temos de buscar a ressurreição, na rotina, nas pequenas coisas, não achando ‘certo’ ou ‘errado’, mas vendo as coisas com um coração mais terno e enlarguecido com o Amor de Cristo, de Buda, do Espírito da Beleza... Do Amor aquele que nos faz crescer, que nos faz nos doar e que não nos faz arrepender, pois antes de fazer algo analisamos duas vezes a situação. Um Amor esse que me faz não querer ver minha irmã chorar, independente do que ela possa ter feito pra mim.
E algo de lindo que escutei nessa Páscoa e que me fez pensar isso tudo foi: ‘não posso doar aquilo que não tenho’. Por isso é bom prepararmos nossa alma pra essa doação pro outro, como conseqüência refletindo algo de esplendoroso pra nós mesmos. E buscando não o superficial prazer que é tão efêmero quando a poeira ao vento, mas o prazer que advém da felicidade mergulhada nas profundezas do oceano da alma.
Enfim, só queria desejar boa Ressurreição, hoje e sempre.
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