O céu estava nublado. Dia de chuva, de pensamento, de ânsia ali dentro. Sexta nunca é tão somente sexta. Está imbuido neste dia os mais diversos sentimentos. Sentimentos de te ver, de ver si mesmo, de exaustão física e mental. Aquele dia estava com um quê diferente, estava esperando minha ação, e eu fiz nada. Estive comigo mesma, na mesma atitude de sempre.
Os prédios continuam os mesmos, mas se os percebemos com atenção vemos que suas fachadas mudaram tanto. Se encontram com uma expressão diferente, com um cinza amarelado de tão cansados de olhares alheios. E assim vamos sendo conduzidos pelo centro da cidade, e nos desviando do centro de nossas próprias vidas. Olho, escuto e percebo que quero estar sozinha um minuto. No outro minuto sofro com a velha contradição humana. Quero estar não-sozinha a qualquer preço. Quero desautomatização da vida, quero mais verde, menos cinza.
A cidade continua igual, o mesmo trânsito, as mesmas pessoas, as mesmas atitudes. Então o que será isto que muda aqui dentro... Muda a preocupação, muda o estado de espírito, muda o medo, o medo das coisas simples. Então complico. Então me coloco o sabor amargo de não querer o simples. Simples como ver desenhos nas nuvens; eu não posso.
Não penso, só digo e faço tudo que surge aqui dentro. Olha como andamos, olha como falamos, olha como pensamos calados em coisas tão diferente-iguais. Sorrio, e vejo logo ali a solução de tudo. A solução é deixar o medo do simples aparte.
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