domingo, 18 de dezembro de 2005

Maria cheia de graça


O primeiro elemento a se destacar é essa comparação religiosa na qual se pensa ter maiores raízes e que se revela somente de uma grande beleza criativa e delicada. E ainda na apresentação, me chama a atenção a frase de chamada do filme, ‘a história de milhares de outras pessoas’ (algo do tipo). Daí peguei o filme e nele o que mais fica patente é a atmosfera real na qual a história se desenvolve. Catalina Sadino Moreno faz um belíssimo trabalho ao interpretar Maria, moça de 17 anos, grávida que mora num vilarejo perto de Bogotá, acaba de se demitir e não tem perspectiva nenhuma de vida. A moça mora com a mãe, a avó e a irmã, que já tem um filho, e num ato de desespero por dinheiro acaba entrando no esquema de mulas (levando drogas em seu estômago para os EUA).

Dessa realidade de mulas não temos muito contanto, no entanto é muito difícil não se identificar com a pobreza material e de valores na qual Maria enfrenta no seu mundo de extrema pobreza. A verossimilhança se estende para cada personagem, desde o namoradinho de Maria que não quer nada da vida, mas ao lidar com a namorada grávida quer casar e que ela vá morar com ele junto com mais 10 pessoas em sua casa, a irmã que acha que Maria tem de trazer o dinheiro para comprar o remédio do filho, o chefão do tráfico que com sua auréola de bondade ameaça sutilmente a garota se houver algo de errado com a droga. Uma série de personagens que não são estereotipados, mas sim fluem naquele universo paralelo.

A segunda parte do filme é quando Maria está nos EUA e também minha parte predileta. Muitos podem criticar a escolha de Maria ao final do filme (que obviamente não posso falar), mas creio que o que ela faz é o que um ‘chicano’ no lugar dela faria mesmo. Então se vê que Maria é real, é a história real de milhares de outras pessoas que passam por aquilo e que ainda passarão.

O filme mostra a vida na tal América Latina que ninguém vê, nem nós mesmos que cá estamos. Mostra que aquele ideal de 'sonho americano' continua sendo o estandarte de muita gente que não tem mesmo a que recorrer para mudar de vida. Funciona também como uma crítica aos Governos latino-americanos que largam sua população na miséria a mercê da exploração das grandes empresas e do controlo do tráfico. Um filme de uma realidade que queremos duvidar que exista.

Um comentário:

Lizi disse...

hmm, Giovanna...
locá-lo-ei
:P