terça-feira, 20 de dezembro de 2005

De locadoras e mexicanos

A Lizi comentando do cinema mexicano fez-me lembrar que isso me rendeu certa audiência na minha nem tão amada locadora esse final de semana. Estava eu com o “Má Educação” na mão quando um funcionário dá um tímido “oi” e eu, forçando o mais simpático dos sorrisos (porque não gosto de funcionários de locadoras que nunca sabem de nada mesmo, a não ser do último lançamento popcorn), me dirijo a criatura com um abafado “oi” e volto a olhar compenetrada aquela ruma de filmes mal arrumados pensando ‘ai, eu faria muito melhor com isso aqui’, quando de repente, ali absorta sou desperta dos meus aleatórios pensamentos com o guri mostrando três exemplares mais genuínos do cinema mexicano com o seu Gael na capa perguntando “já viu esses?”. Bato o olho no filmes e abro um sorriso, dessa vez não forçado, dizendo “vi todos”. Ele sorri e pensa ‘essa menina entende do assunto’, e solta o comentário “vi o filme na sua mão e reparei que tinha o gosto diferente do normal”, isso me envaidece. Dá-se então o duelo do vi-que-não-vi, ele logo de início se protege dizendo que há pouco tinha descoberto a beleza do cinema e não conseguia larga-la (só quem se entrega aos filmes alternativos sabe de tal magnificitude). Eu não pude deixar de testa-lo com os mais incontáveis clássicos que pudera lembrar. Ele, por sua vez, me passou aquele espírito de ‘quero fazer (bom) cinema um dia’, espírito esse que precisamos aqui em nosso país para se tentar solidificar o respeito de outros pela nossa criatividade. Senti-me confortável em saber que cada vez mais jovens buscam ver além e se deixam apaixonar pelo lado complicado do cinema, aquele que externa o lado complicado de suas próprias vidas, por filmes mexicanos-euporeus e com tamanha criticidade (importante em tudo que se ambiciona). Podem não dar grandes cineastas, mas serão esses os termômetros da qualidade de obras futuros.

Agora, comentando o “Má Educação”, eta filme porreta (poderia dizer flertando com o sotaque lá dos pagos nordestinos). O que mais me impressiona é como Almodóvar, mesmo colocando cenas/situações constrangedoras, te faz sentir, ao subir das letrinhas brancas, que se acabou de ver um grande filme, sensível e com uma estruturação fenomenal. Não sou fã do Almodóvar, mas respeito seu trabalho apesar de toda sua ‘carga’ psicológica/física intensa (quem já viu um filme dele sabe muito bem do que falo – e é o que faz muitos odiá-lo cegamente). Aconselho a ver, mas claro, dando o aviso, deixe os pudores de lado.

Um momento cômico, especialmente pra Lizi, foi quando o guri falou “ah, o Gael e o Diego Luna...” e eu saltei com o comentário empolgado “Ah, eu gosto do Gael”, mas foi de um tom tão afobado que me apressei em ressaltar “Pelo trabalho dele” com tom de conserto - isso pra não soar daquelas tietes/inconseqüentes que nunca fui, não pretendendo sê-lo – saindo o remendo pior que o soneto, como diria o dito popular. Mas Gael é algo. Ainda iremos um dia visitar Dieguito e Gael no México né Japa?

Um comentário:

Lizi disse...

Ê! Vamos ao México sim!!! :D
Fah, quero comparecer à essa locadora qualquer hora! Uma pessoa entendida de cinema latino alternativo é algo!

Bjooo!!