sábado, 25 de fevereiro de 2006

Meninos e Meninas

Não faz muito tempo saiu no jornal (o nacional), fotos de crianças cheirando cola em pleno dia no centro de São Paulo, até sendo ajudada pelos policiais. Quem vê do jornal tem a chance de só lamentar e achar que algo está sendo feito. Contudo, na minha estadia pela terra da garoa, acabei me deparando com um mar de crianças e adolescentes em pleno pulmões nos seus saquinhos de cola.

Foi um verdadeiro espetáculo de horror, por debaixo de ponte, nas calçadas, sentadas pelos cantos ou pelo meio da cidade, elas estavam com o olhar provocativo de quem diz 'não adianta me evitar, eu estou aqui'. E eu querendo que fosse aquilo minha pura imaginação. Meninas jogadas, meninos ameaçadores. Agora me diz, eles têm condição de serem adultos? Eles de fato nunca serão gente no sentido completo da palavra (com direito, deveres e liberdade escolha). A escolha já tá feita, a rua. O domicílio não podia ser mais cruel, e o show ao ar livre de graça pra estudantes, profissionais, aposentados não poderia ser mais assustador.

Pensamos muito no que vamos ser quando crescer. Elas não tem o direito de pensar nisso, pq elas não crescem. Uma dalas veio em minha direção fixamente e desviou na última hora, fluindo pânico pelos meus poros. Aí o menino deu um risada como se dissesse 'eu não sou esse bandido que vc pensa'. Mas ele não sabia que eu não via como um bandido, mas sim um alguém que não tem nada a perder, por isso mesmo é capaz de tudo.

O caso de viver em grandes centros é esse, a ferida latente. Ali ao lado do espetáculo do 'chera-cola', tinha o redudo pornográfico de São Paulo, com mulheres em pleno dia encarando o movimento e estando paradas nas portas esperando a clientela aparecer. Cine-prives, bares dos mais pé-de-chinelo, pornografia espalhada pelos camelôs (isso nunca tinha visto). Essa indústria é poderosíssima, sabemos, mas precisava estar em pleno vapor a luz do dia no centro de uma grande capital?

Bem, precisei rever meus conceitos pra muita coisa. A principal foi continuar com meta de olhar pelo '3º setor', afinal se nao olharmos, quem olhará por eles? E mais, se não olharmos por eles quem depois olhará por nós quando tivermos nossa casa invadida, nossos filhos sequestrados, nossa vida marcada por essa tal violência?

4 comentários:

Anônimo disse...

Cheers, Elder Fluviette!

Não te falei que és platônica? Teu único contrassenso é, ao mesmo tempo, querer ser relativista.

Anônimo disse...

:P

Tiago Tresoldi disse...

Bola de cristal? Não entendi.

Tiago Tresoldi disse...

Cadê Fafá?