O meu tempo se perdeu em algum lugar imaginário cuja porta secreta a senha foi esquecida. O abracadabra não a abre, as chaves em minha mão não a abrem. O tempo e a porta se perderam. E eu aqui, precisando tanto dele. Preciso dele tanto quanto a mim mesma. A necessidade se acentua quando cobram de mim o tempo que não tempo, pois partiu de mim e se escondeu numa fenda cheia de logo e insetos rasteiros, sem chance que o encontre fácil assim. Minha esperança era que vendo meu desespero houvesse ajuda de alguém. De um alguém que fosse. De uma alma que me olhasse e dissesse que não tem problema eu não ter tempo. Que temos todo tempo do mundo, como Legião já dizia. Mas meu tempo se perdeu, e não há alma que me sirva de consolo. Não há. Fica o vazio, fica minha falta de resposta, pois fico procurando um tempo que não existe e com isso perco o que mais importa nessa vida: o convívio humano. Falta a carta, faltam palavras de carinho com quem merece, falta ler todos aqueles livros para a próxima prova do acaso, falta abraçar mais papai e mamãe, falta cuidar mais das unhas e da alma.
Sem o tempo fica a falta. A falta de mim mesma, do que eu poderia ser, mas sem tempo não tem como sê-lo. Prometo que tentarei ser mais eu e menos falta de tempo. Mas pra isso preciso de muito amor seu e carinho de todos os cantos. Cansei de ser movida a grito, a drama, a palavras rudes. Agora se quiser que eu me mova e que administre a falta de tempo tem de doar muito amor. Amor. E é só.
Que se apague a luz, vou sonhar com minha falta de tempo. Vou sonhar com uma casa em Pasárgada. Vou sonhar.
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