sexta-feira, 24 de julho de 2009

sobre Portas Secretas

Esses temas de porta, janela secreta me encantam. Há tempos atrás tive um post denominado “Janela Secreta” (que não se referia ao filme), narrando um dia em que supostamente uma ‘janela secreta’ havia sido aberta em meu cotidiano, passando a enxergar, assim, as coisas de modo diferente. 

Na animação de Coraline vi esta abertura a um mundo paralelo dado através de uma portinha na velha casa em que Coraline e seus pais se mudaram. Ao enfrentar dias monótonos com seus pais, Coraline está angustiada na nova rotina e exige mudanças. Neste ínterim, ela é levada então à pequena portinhola secreta e lá encontra um ‘mundo ideal’, no qual ela é o centro das atenções. Ela tem uma ‘outra mãe’ e um ‘outro pai’, que fazem tudo que mais a agrada e deste modo ela vai se convencendo que o ‘outro mundo’ é melhor. Contudo, isto não sairia de graça, e é aí que a aventura de Coraline verdadeiramente começa. 

Além disso, o que me encantou mais foi a técnica de stop-motion empregada de uma forma maravilhosa. O filme é extremamente bonito, bem feito, e dá gosto de ver o esmero com o qual foi feito.  

Só não posso esquecer de mencionar que este filme lembrou a mim mesma uma vez no meu próprio mundo de infância. Ao contrário de Coraline, eu não procurava um ‘outro mundo’ que fosse melhor, eu só procurava um mundo que fosse ‘meu’, que eu criasse. Pegando os perfumes da penteadeira de mamãe eu criava a minha escola de teatro, em que saiam histórias incríveis entre perfumes, desodorantes e afins. Haviam atores,atrizes, diretores, roteiristas que tinham seus próprios conflitos e ainda contracenavam conflitos alheios. Outro mundo meu eram os quintais, tanto de minha casa, quanto da casa de vovó. Plantas, insetos, pedras, tudo se transformava em um elemento para uma nova história. E dentro desses mundos surgiam dúvidas um tanto quanto incomuns, como o fato de me martirizar por dias na dúvida se conseguia voar ou não (por ter tido um sonho tão real sobre isso). Minha grande confidente era minha bicicleta, Brisa, uma monark rosa que juntamente comigo viveu grandes aventuras silenciosas no chão de terra da vizinhança que morava (além de tombos). Esta era minha própria porta secreta, na qual não precisava nem ao menos de coleguinhas para me divertir muito. O grande problema da tarde era saber para qual mundo eu iria. 

Um comentário:

Paulo Olmedo disse...

Bacana o post. Gostei e me identifiquei :)
Ah, e tô louco pra ver Coraline...
Neil Gaiman rules! \o/