quinta-feira, 29 de junho de 2006

O caminho, o casaco

Ah, uma coisa importante, importantíssima! Hoje o ônibus de sempre, conectado na JB tocando as antigonas melosas desviou de caminho. Veio o sobressalto conhecido e logo aqueeeeele alívio maior do que todo estardalhaço ao redor da Copa. Vi-me jogada numa nova vizinhança e o trocador ao perguntar quem pararia do Barreto, respondeu resposta afirmativa de jovem ser, e então continuamos (para tristeza do trocador) pelo caminho que seguíamos. Fiquei me perguntando, mas pq esse caminho, o que teria o outro, e blá blá blá todo de pensamentos andantes aqueles. Nisso vejo algo que há tempos não reparava, nem mais notava que existia, um enterro! Sim, um pessoal de preto chorando; o dia cinza-lacriminoso parecia fazer sentido; a mulher alta, loira de sobretudo até o joelho parecia fazer bom uso da vestimenta preta. Ênfase para o menino de casaco azul escuro mais a parte olhando despreocupado todo desespero humano, numa placidez digna de criança que especula o porquê daquilo tudo. E não é que estava de azul escuro... vai ver era por isso que o ônibus tinha de dar aquela volta toda, só por uma imagem.

Imagine, um balanço de perdas e danos

É redundância falar da ‘vida lilás’ abandonada num mundo cruel de bits que não mais se movimentam como antigamente. Venho aqui mais para apreciar os confetes coloridos ao chão do final da festa do que qualquer outra coisa. Trago comigo não mais que um turbilhão de cores lilases-arco-íris se misturando e convergindo numa grande espiral de vertigem digna de escritores decadentistas. Contudo não tenho a tal técnica que lhe é tão precisa em falar sobre o nada até, mas trago a persistência daquele que comunica mais que palavras despedaçadas, daquele que no nada quer descobrir a si mesmo.

Balanço do semestre, se não fosse literatura portuguesa certamente eu estaria chorando muito mais a pitangas. Literatura inglesa foi um inferno trágico com Macbeth e Midsummer Night’s Dream e o questionário detalhado de toda 2ª e 4ª. Literatura comparada II, bem, gostaria de não ter nada a dizer, ser o famoso indiferente, mas já que a palavra é minha me recuso a falar. Inglês oral, empreendedor, desafiador também por ter dado uma aula no Áudio-Lingual Method, o que cobrou de mim mto jogo de cintura para ser professora de um método que ironicamente precisa de MUITA prática da professora. Inglês grammar, reticências de preposição, é um tópico que nunca estará fechado. Lingüística, se perdeu lá atrás, mas era uma professora gentil e fucionalista que dava aula sobre como usar lingüística para dar aula, interessante, mas não acrescentou lá grandes coisas. Italiano, foi um desafia, não acredito que passei, e mais, sabendo alguma coisa! Ah, teoria literária... vamos pular mas beeeeeem pulado essa parte, apesar de ter me dados ótimos pensamentos sobre mundo, vida e tudo mais.
E mais, e mais, e mais...
Eu quero mais dessa vida universitária, eu quero diálogo, esforço, sangue e satisfação. Por enquanto só meu sangue descolorido anda por aí, manchado de vermelho às vezes.


E não se engane, eu sou a mesma menina do ‘imagine’, mesmo tendo entrado distopia em tudo.

segunda-feira, 5 de junho de 2006

Do existencialismo e da autobriografia

Senti a náusea do pré/pós prova na maior parte do dia. Por coincidência o assunto era existencialismo. "O primeiro homem" de Camus não só é existencialista, como é a autobiografia do autor tentando ser disfarçada numa ficção qualquer. Aí vem a questão, seria a toda obra uma biografia?

Isso lembra da ofina das quartas-feiras, que por sinal já terminou. Lá parei pra pensar mesmo obra biográfica, e de certa maneira acabo por refletir mais sobre qualquer comentário, seleção de palavras, vontade de idéias que tenho, afinl isso tudo é por si só elemento autobiográfico.

Falando em si mesmo, sabe desses livros que se lê algo por demais desconcertante e vê refletido aquilo dentro de si mesmo? Tinham uns sentimentos tantos de Jacques (ou Camus, como preferir) que me deixavam fora de órbita de tão parecido comigo, e mais, deu descobrir que sentia aquilo mesmo, de só admitir lendo o que estava diante dos olhos como sem poder negar o crime.

Reparo que de existencialismo na minha vida tem muito menos do que eu pensava até ler 'Existencialismo é um Humanismo' de Sartre. Mas de autobiografias ficará sempre o 'confesso que sou descendente direta e Eva...'.