sexta-feira, 28 de abril de 2006

Dos causos e percalços da tal vida moderna

Causo 1: O perseguido

Certo dia chega o professor em aula para justificar porque faltar na semana passada. Ele, com um olhar caustrofóbico, começa a justificativa:

- Creio ter de deixa-los a par da situação que me aconteceu na semana passada ao qual me forçou a não vinda. Há muitos anos atrás, aqui na faculdade de letras, dei aula para uma moça que se via não ser lá muito normal, que teria sérios problemas psicológicos. O caso foi que anos depois me deparo com essa mulher me perseguindo, ligando para minha casa e me ameaçando e até vindo aqui na faculdade me agredir, como na semana passada. Ela alega que há algum tempo professores aqui do Fundão a pegaram e levaram a força para o CCNM (prédio de exatas) e começaram a fazer experiências científicas com ela do tipo injetarem esperma dentre outras coisas. Agora ela anda dizendo por aí que dessa experiência nasceu um menino e uma menina, loiros de olhos azuis, sendo que ela é uma negra alta e eu, não sou loiro!

É, para quem almeja vida de professor e acha que o maior problema que enfrentará será ou descaso do governo ou do aluno, vê-se que há além de tudo os ‘fãs’ perscrutando no ir e vir.

Causo 2: O comentário

Estava certa amiga esperando seus amigos na porta de certa pizzaria em certo lugar quando avistou d’outro lado da rua 3 rapazes conversando descontraidamente, sendo que um deles foi ao seu encontro. Daí desenvolveu-se uma boa conversa, de fato a famosa ‘conversinha’ sobre o que ambos faziam e coisas afins. O causo é que passado certo tempo, ali na porta da certa pizzaria, o clima estava feito e tanto o rapaz quanto a menina sentiam-se inclinados a galgar um degrau na recente amizade. Então, cavalheiristicamente o rapaz pede para a moça o direito de beijar seus lábios. Contudo, bem no meio do caminho da concretude do desejo de ambos, vem ele com seu comentário: não sei se você se importa, mas tenho namorada.

Quebra a força, não quebra? Ela, muito dignamente, dispensou o moçoilo cara de pau na mesma hora. E ele soltou um ‘ai que pena’ desconsolado. E não querendo comentar, mas já fazendo meu comentário, tinha de ser um engenheiro mecânico.

Causo 3: O enunciado

Havia eu recebido a discursiva prova de Literatura Inglesa, quando parto diretamente para a consecução da primeira questão que era, na minha concepção, recontar a história das três baladas que fora dada no título. Assim começo minha prova, sem nada mais pensar. Da primeira faço uma notícia de jornal, da segunda um roteiro de filme; da terceira tinha opção de fazer um conto infantil, mas desisti porque não havia tanto tempo assim disponível, afinal ainda tinha a segunda questão, a qual valia 6,5.
Na minha inocência de aluna aleatória ainda achei estranho o tamanho da primeira questão que só valeria 3,5. Contudo segui na façanha até chegar na segunda questão: interpretar um poema e com a sanção de fazer um parágrafo com 500 palavras. O 500 desesperou-me, fiz por volta de 250 e forçando muito. No desespero ao final da prova pergunto ao professor se ele se importava que fosse menos, ele respondeu que iria ver o que estava escrito, não iria contar palavras, 500 era só pra ter uma base (sim, o que são 500 palavras numa questão, não é?
E olha, até que estaria tudo nos eixos se não descobrisse que era uma balada para escolher, não as 3 reescrever, e que com isso além de ganhar boas debochadas do professor (“olha só, aluno de letras e não sabe ler enunciado”), ganho uma nota limitada, do tamanho da minha falta de atenção.

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