Era pra
ser uma quinta-feira normal. Até tomei um picolé depois do almoço
na escola (que estava delicioso). Achei que passaria incólume pela
tarde de aulas. Tinha três turmas: 1702, 1602 e uma turma de projeto
(realfa). Como professora de escola municipal carioca sonhadora, ando
meio apagadinha nas minhas aspiraçoes. Mas tento nao passar essa
impressao para os alunos. No entanto, hoje foi o dia que, pela
primeira vez em 3 anos, perdi o controle de mim, me escapei pelos
lados.
Estava na
turma da 1602, quando uma série de acontecimentos me levaram para o
final de dois tempos na turma entregando os livros de inglês. Era
algo simples, descomplicado, a aula estava no fim. A turma tem um
espírito bastante presente, mas sao alunos, no geral, que respeitam
bastante e escutam o que se tem a dizer. Gosto muito deles. Já os
considerei a minha melhor turma. Semana passada fizemos um trabalho
juntos que foi bastante proveitoso. Era nessa turma que esperava
terminar bem o dia para depois ir para a turma que, talvez, pudesse
me dar problemas (a de projeto).
Um
momento, uma angústia, uma raiva, um tumulto. Tudo junto. Eles nao
me escutavam, eles eram maioria. Eu tentando, do meu jeito, fazer
aquilo dar certo. Nao aceitei que pudessem ser daquele jeito.
Explodi. Gritei, joguei os CDS dos livros por cima das carteiras,
gritei para todos sairem. Façam o que bem entenderem. Podem descer.
Podem sair. Eles ficaram sem graças. Uns sairam de imediato. Outros
ficaram cabreros. Um dos alunos, ao me ver sair, disse que era pra
ficar tranquila, calma.
Subi as escadas para ir na outra turma. Desabei. Em lágrimas. Chorei, chorei, chorei. Enxuguei as lágrimas, fui na turma, deixei minhas coisas (ainda era um pouco cedo e eles ainda estavam com a professora deles). Desci as escadas, fui na secretaria, peguei água, lavei o rosto. Nao parava de chorar. Que choro era esse? Era querer tanto e nao pode fazer melhor. Era pensar que eles eram mais que animais (como chamados por alguns), e seriam mais que bandidos ou vassalos de gente rica.
Subi as escadas para ir na outra turma. Desabei. Em lágrimas. Chorei, chorei, chorei. Enxuguei as lágrimas, fui na turma, deixei minhas coisas (ainda era um pouco cedo e eles ainda estavam com a professora deles). Desci as escadas, fui na secretaria, peguei água, lavei o rosto. Nao parava de chorar. Que choro era esse? Era querer tanto e nao pode fazer melhor. Era pensar que eles eram mais que animais (como chamados por alguns), e seriam mais que bandidos ou vassalos de gente rica.
No final,
ao descobrirem que eu chorava (pois o diretor foi falar com eles), um
grupo de meninas vieram me pedir desculpas. Ao me verem, algumas
choraram tb, pediram desculpas, que isso nao se repetiria. De uma
maneira estranha (e nao da maneira que eu queria), vi que realmente
fazia parte do universo daquelas crianças. Elas náo sabem o que
fazem. Três meninos tb vieram se desculpar. Eles estavam sem graça
e bem embasbacados com a situaçao toda.
Chorei. Me envergonhei vendo os quatro adultos daquela escola tentando me consolar, com muita pena da minha aparente fragilidade. Fiquei com muita vergonha de ter me deixado levar "facilmente" pela emoçao. Mas tem como deixar realmente a emoçao lá na porta quando se lida com seus ideais? Well, terei de figure it out.
Chorei. Me envergonhei vendo os quatro adultos daquela escola tentando me consolar, com muita pena da minha aparente fragilidade. Fiquei com muita vergonha de ter me deixado levar "facilmente" pela emoçao. Mas tem como deixar realmente a emoçao lá na porta quando se lida com seus ideais? Well, terei de figure it out.
Depois, ao verem meu rosto, a turma de projeto (que é fora desse mundo), me deu abraço coletivo, ficaram quietos, levaram a aula na mao deles, me deixaram assistindo a amabilidade deles (isso depois de ameaçar de porrada quem teria feito aquilo comigo, ehehe). Daí que me dei conta que será mesmo difícil de me tirar dessa vida.
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