A ponte Rio-Niterói coberta de neblina, cercada de nuvens, com pouco a se ver além. Nesta ponte passei para retornar ao palco do evento da quinta-feira passada. Queria que o engarrafamento viesse, que o tempo passasse, não precisava chegar na hora. Queria me esconder e passar desapercebida pelos corredores da escola. Mas ao chegar na escola, havia uma conspiração estranha, de um cosmos de bom humor que decidiu me fazer pensar sobre as questões da vida de uma forma diferente.
Ao chegar, imediatamente, uma aluna do 1o ano me entrega umas florzinhas graciosas (que certamente ela pegou no quintal de alguém - algo que eu mesma fazia para minhas professoras quando era pequena). A surpresa e a lembrança me inundaram e, com meu melhor sorriso, subi. A primeira turma, 1601, se acomodava quase silenciosamente. Comecei a aula... Senti uma serenidade. Um aluno não parava de falar, outra me mandava coraçãozinho, outro dizia ter me visto na rua, todos responderam oralmente em inglês o que estavam vestindo. Esse clima se estendeu ao dia: uns me paravam para me perguntar das faltas, dos trabalhos, outros pra dizer que meu cabelo era o máximo, outros pra dizer que eu era muito bonita. Assim, do nada, como se beleza brotasse da terra, como se beleza fosse um atributo daquele dia.
Nos últimos tempos, numa turma deveras complicada, 1701, eles se comportaram bem, muitos faltaram (o que ajudou no comportamento). Conversei com alguns, rimos, corrigimos o trabalho, compartilhamos boas horas qualitativas. Ao sair da escola, encontrei alguns alunos do turno da tarde, e um deles era da fatídica turma. Ele pediu desculpas, disse que não era pra ser assim, que não seria assim. Me deu sua palavra, me deu um grande abraço. No caminho encontrei a arretada da Joice, uma aluna da turma de projeto que fez questão de me abraçar e pedir que subisse pra ficar com eles na tarde.
Bem que deu vontade.
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