domingo, 20 de abril de 2008

A tênue linha

Não é a primeira vez que venho aqui divagar sobre a questão de vida e morte, só que agora a discusao em minha mente tem um sabor um tanto diferente. No meio de 'minhas' questões, na construção do ócio e da dúvida, me deparo com uma notícia. A notícia, a princípio, não deveria nem chamar muita minha atenção e soar mais como uma curiosidade. Contudo, a mesma teve eco profundo em minha mente e alma, a ponto de mudar meu humor e quiça minha atual visão panoramica sobre minha própria vida. Um garoto de francês morreu atropelado sábado passado atravessando a rua da faculdade de letras para o CT na UFRJ. O garoto, dizem, ficou destroçado... Se chamava Icaro. Eu, obviamente, não lembro dele... De repente, até conhecia de vista, ou de 'oi', ou de alguma classe aleatória. Mas de Icaro, nada sei... A não ser que ele atravessou a rua e foi destroçado por caminhão. Para quem conhece a geografia da região, sabe muito bem que ali tem um sinal para pedestres que raramente funcionava. Eu era uma das pessoas que praguejava o sinal e temia por um acidente mais grave (sendo eu mesma quase atropelada algumas vezes por carros voadores na região). Só que não me conformo que o 'quase' se tornou realidade, ainda mais em um sábado pela manhã.
Se para aumentar a fatalidade ou por ironia da vida, o corpo do menino ficou no asfalto das 12h até 17h da tarde. A família, sem notícia. E o celular de Icaro ainda foi roubado. E eu não consigo parar de imaginar a cena do corpo sendo arrastado ali, como se eu estivesse no ponto de ônibus das letras. Acho que Icaro abriu uma janela secreta em mim... E agora eu não sei o que faço com esse anseio de saber qual o sentido dessa coisa toda que achamos que vivemos.
Eu acho que vivo por um dia após o outro e por um futuro que não existe. Eu quero ser feliz, mas não tenho coragem nem de ser adulta, que tipo de pessoa é essa: (uma pessoa que não tem um ponto de interrogaçao no teclado de um computador que pertence a alguém que acha que tudo pertence ao mesmo). Eu só tenho medo de arriscar atravessar a rua. Muito medo, ao mesmo tempo muita confiança. E uma familia chora a morte inesperada de seu jovem. Eu espero chegar aos 90 anos...
I really dont know life... at all.

Um comentário:

Andréia Pires disse...

puxa.. é mesmo de desnortear.. bjo, moça. preces por aqui.