sexta-feira, 11 de novembro de 2005

sem caminho

Às vezes as portas se encerram e ficam os pensamentos inertes, tropeçando dentre fatos um tanto pertubadores. Na verdade, logo cedo, pensei em fazer um post sobre a mesquinhez do ser humano por conta de um situação análoga a de RioGrande (no que se refere a pequenez de pensamento de certos seres) que sucedera aqui numa dessas minhas turmas aleatórias (iriam eles colar cartazes de mim por conta disso? não são tão maduros assim...). Enfim, esse pensamento se perdeu no que o dia foi passando e chegada a hora de ir embora. Primeiramente, chego no ponto de ônibus e em seguida passa o meu ônibus, assim que entro me dou conta de que deixara o me casaco na mão de um amigo enquanto arrumava a papelada, e ao exclamar 'meu casaco!' com cara de drama de novela mexicana o trocador sugere que eu desça... E o faço... e creio que talvez tenha sido aí o erro (acerto?), afinal as cenas que me vieram a seguir foram de uma vertigem profunda para minha pessoa.
Então, fiquei lá esperando sozinha, depois de me ser entregue o casaco, o ônibus que demorou uns bons minutos para passar. Era um do tipo 'frescão' (sem ar-condicionado, mas com poltronas de viagem). Assim ia eu pela cidade universitária, deitada na poltrona e com um soninho misturado com a sensação boa de conforto quando, após a curva, em frente ao prédio de educação física avisto um homem no chão. A princípio achei que fosse algo sem importância, do tipo estar ali deitado na grama... Não demorou muito para que concatenasse com a cena odionda que ia se formando perante meus olhos descrentes: o homem estava morto! Foi esaa impressão que se apossou de mim e eu haveria de ter de passar por aquela cena mais um vez quando o ônibus pegasse o retorno. ah, eu nao queria... E foi aí que vi um jovem com uma mochila nas costas, com seu piercing na sobrancelha, no telefone celular bem perto do lugar do acontecido, rindo ao certo de contar o que se passava de 'emocionante' na sua vida universitária. Falava com quem ele rindo? Talvez com o pai: 'olha só pai, estou aqui no fundão e acabou de ocorrer um acidente sinistro. Sim, um homem atropelado.. creio que estava numa moto.. Parece ter um 20 poucos anos.. quase a minha idade.. (risada). tá maior movimento aqui, vindo bombeiro, polícia... Tem uma moça no chão deitada falando no celular tb, acho q ela tava junto.. ela está com um ar de tão desesperada, de 'meu mundo caiu'. Pra vc vê pai, a gente vem pra faculdade e acontece de tudo (mais risada). Eu mesmo, um idiota aqui andando e rindo se bobiar uma ambulância dessa passa por cima de mim. Ah pai, o senhor sabe que eu tomo cuidado né, não se preocupe. Não se preocupe com todo meu deboxe, minha estultice, minha mesquinhez, minha mente tacanha e pequena. Ah Pai, eu te digo pra não te importares também com minha mania de grandeza, de querer ser melhor que os outros, de passar a perna no outro e achar q o mundo gira ao meu redor.. logo de mim, que nao aproveito nem 2% da capacidade do meu ceérebro e vivo me entorpecendo com essas músicas de batida forte, com as bebidas de todas as sortes, com as mulheres de todos os tipos e nem cogito a minha insignificância nisso tudo, nisso tudo que se chama Mundo. Pai, não demora e descubro que quem anda morrendo sou eu'.
Perdão o tom 'pessimista' mas tem vezes que não tem como deixar escapar... Acho que seja outra da 'janela secreta'.

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