Ao acordar e saber da
notícia meu pai dizia: é uma tragédia.
Em São Paulo, minha prima mineira sofre. Ela é a mãe de um menino fantástico de 14 anos que sofreu um terrível acidente doméstico. O menino é meu primo de segundo grau. Educado do jeito mineiro, é daqueles mais educados do mundo, adora contar uma história e, sempre senti, é aquele que tinha certa identificação cultural comigo. Ele se encontra em coma conduzido num hospital em São Paulo.
Ao visita-los no final do ano passado (graças a uma amiga, Thaes, que me avisou que iria pra São Paulo e me convidou pra ir com ela), foi o menino que fez as honras da casa: me recepcionou junto com a minha outra prima grávida, botou meu café da manhã, lanche da tarde, procurou filmes para vermos juntos e dividiu comigo suas inúmeras histórias. Uma criança extremamente meiga e carinhosa (assim como a irmã), e cheia de entusiasmo em relação a família e ao futuro.
Hoje, 22 de maio, ao receber a notícia do estado do menino nossa casa parou. Eu, por mim mesma, parei. Tinha de ir na assembléia da prefeitura, buscar um livro de testes em inglês e pesquisar carro com meu pai na rua. Seria um dia agitatinho. Seria... Minha mãe quer cancelar o pequeno aniversário de minha irmã no sábado, meu pai desistiu do carro e não se sente bem. Eu, em pedaços, me desconectei da internet e estou a pensar, cá com meus botões, se é possível um pequeno belo milagre acontecer.
Faz muito tempo que não
sinto tanta tristeza junta. Com o câncer de mamãe aprendi a dosar
tristeza na rotina. Não estava preparada pra sentir essa invasão
bárbara e cruel. O que me faz sentir triste em demasiado são as
pequenas coisas: ele fez aniversário no meio de maio e, apesar de
sentir vontade de mandar uma bela mensagem de aniversário, mandei um
simples “feliz aniversário”, pensando em condensar pessoalmente
todas as palavras de carinho logo ali, em julho. Triste porque apesar
de amar muito minha família, encontro muita dificuldade em manter
contato, visitá-los. Parece, pra eles, que sou muito indiferente e
só penso na minha vida cultural e viagens. No entanto, cá com meus
botões, penso neles e estava mesmo bolando planos de aproximar mais
e mais de todos os lados da família (tanto de mamãe, quanto de
papai). Tentando aproveitar o máximo da minha vida, às vezes, deixo
de aproveitar o máximo da minha vida junto de pessoas da minha vida.
Estou mesmo na maior da esperança e expectativa que esse mocinho falante volte para gente. Que ele venha me contar MUITAS histórias, vou escutar todas pacientemente. Vou fazer mais esforço para visita-los, para abraça-los, para mostrar o imenso amor que tenho e que não cabe dentro de mim. Tanto que agora ele transborda em forma de lágrimas. Muitas lágrimas. Elas saem naturalmente, sem nenhum esforço, enquanto penso, enquanto escrevo, enquanto espero aquele tagarelinha nos surpreender com seu melhor sorriso.
Estou mesmo na maior da esperança e expectativa que esse mocinho falante volte para gente. Que ele venha me contar MUITAS histórias, vou escutar todas pacientemente. Vou fazer mais esforço para visita-los, para abraça-los, para mostrar o imenso amor que tenho e que não cabe dentro de mim. Tanto que agora ele transborda em forma de lágrimas. Muitas lágrimas. Elas saem naturalmente, sem nenhum esforço, enquanto penso, enquanto escrevo, enquanto espero aquele tagarelinha nos surpreender com seu melhor sorriso.
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