sábado, 24 de julho de 2010

toda terça e quinta

O motivo da tristeza é pura e simplesmente por encontrar a escola estadual lá em copacabana em colapso e estado de guerra. Alunos x o resto. Todo o resto. Eu sou o resto. Eles estão contra mim. Eu contra eles. Nós nos degladiamos com olhares. Mal eles sabem o bem que lhes quero. Tanto. Tanto. Se eles soubessem me dariam mais carinho. Uma das professoras não gosta da minha presença, a outra é indiferente. Eu preciso de mais cuidado, de mais atenção... Só me deixam de fora de tudo e contam comigo para corrigir provas erradas nas quais darei muitos riscos. Me recuso a usar vermelho. Uso a cor que me apetecer. Que tal verde... Verde cai bem. Verde é a esperança que ninguém tem mais ali. Verde remete a nostalgia de um tempo que nunca chegou para aqueles adolescentes começando seu ensino médio. Por vezes concordo com eles: o que estariam eles fazendo ali mais do que matar tempo. Estão matando suas almas numa escola que não funciona e nem quer funcionar. Desgastando seres humanos chamados professores que dentre os funcionários públicos são os que ganham menos, surpreendentemente se desgastam mais e têm menos benefícios. Afinal, nem direito de jogar giz nos alunos os tais professores têm mais. Nem jogar palavras difíceis. Nem jogar a alma naquilo que se faz.

Toda terça e quinta pela manhã vou para o colégio estadual Infante D. Henrique. E lá redescubro o metivo pelo qual comecei essa coisa de Letras toda. Comecei porque queria trabalhar em escola pública, queria provar que havia de ser diferente, fazer projetos magníficos e me achar no direito de achar que estaria mudando a vida de alguém com isso.

Obrigada terças e quintas por me relembrar disso.

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