terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O primeiro encontro

O mendigo encostado no meio fio da porta da loja, diagonalmente, dormindo. Todo dia quando passo assim está ele, nos sonhos sublimes que não posso imaginar, pois fico compadecida de um não-sei-o-quê social que ainda mora no hábito de ser humano. Mas, de fato, neste hábito de ser humano, não está incluido esperar aquele homem acordar pra lhe estender a mão. Sempre ali está no meu trajeto, ao descer do ônibus, voltar uns 100m e entrar na ruazinha que dará para meu prédio, o mendigo. Ele descansa com uma serenidade supreendente, e eu o observo quando passo, todos os dias, furtivamente. No início, quando o vi dormindo a primeira vez, tive um sobressalto,preocupada que pudesse ser algo de ameaçador. Bobagem, ele só queria descanso, eu só queria passagem... Nossos caminhos não se encontravam de fato, pois quando eu passava ele ali não estava, só seu corpo.

No entanto, hoje, tivemos nosso primeiro encontro. Ao puxar a cordinha do ônibus uns segundos adiantada o motorista entendeu que puxara eu a cordinha no atraso e parou imediatamente no ponto de ônibus anterior ao meu de modo que, ficando sem graça de dizer 'é na outra', desci ali mesmo, afinal a caminhada não era lá isso tudo (de fato era nada). Sem nem pensar, iria então passar na calçada oposta do mendigo, que desta vez, dada minha mudança de percurso, eu poderia ver de frente. Para minha grande surpresa ele estava acordado, como pressentindo que algo na tarde de segunda-feira mudara. E mudara. O que pra gente resultava o fim de uma rotina, para mim era a rotina de meus próprias dias, das minhas próprias horas que começavam. E lá estava ele do outro lado, sentando no meio fio da loja, com os cotovelos no joelho, olhando para frente. Me olhou de relance, como mais um rosto dos tantos que se vê, talvez sem nem mesmo se dar conta do rosto que via por estar divagando em seus próprios pensamentos. No meio disso tudo, eu, me senti estranha... Vê-lo dormir todos os dias na mesma posição ao passar por ali tornou-se uma espécie de ritual que agora fora abruptamente interrompido. Este era o nosso primeiro encontro e me senti mais bege que nunca, com a blusa branca do curso, jeans apertando por conta dos quilos ganhados nas férias, sapatos vermelhos, bolsa predileta, cabelos soltos. Ele com sua blusa de sempre,clara, calção e chinelos. Era o mendigo de outros abertos, como que diferente do mendigo esse que todo dia me fazia pensar nele enquanto ele dormia, que me fazia refletir sobre múltiplos assuntos desde o porquê de existirem mendigos, até o porquê de sentir que tudo era um grande sonho, como em um mundo solipsista. Talvez eu estivesse no sonho dele, sendo controlada por ele, e daí ele teria o poder de determinar o próximo acontecimento da minha existência. Por favor, que me traga uma notícia boa. Inusitadamente boa, com gosto de jujuba, com delicadeza de um arranjo de flores, com a mesma sensação de ver uma nuvem quando bate o sol. Ah, eu quero, quero e quero amanhã, meu amigo solipsista, se não for pedir muito.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

noite infinda



Loucamente pelos vídeos de bandas dos anos 80 pelo youtube, não resisti e postei minha fahvoritíssima... Infinitamente sem sono, reviro o guarda-roupa e dou graças aos céus que tenho uma hora a mais nesse fim de horário de verão. Essa história de não parar em casa criou um caos na minha rotina (que já é aleatória por natureza). Agora conto com a falta de sono, com o vício do chocolate, sem contar a dor no braço... Ah, fiquei jogando tênis ontem a tarde toda. E não se surpreenda, caro leitor, pq nem tudo é o que parece. Joguei tênis em casa, no video game, pois este é o tipo de exercício físico que me resta (e apetece).

No mais, procuro ajudante pra arrumar guarda-roupa urgente! E olha que essa metáfora do guarda-roupa é poderosíssima: pra arrumar pensamentos, se arruma guarda-roupa. E tenho dito!

Uma questão de Performance

A preocupação das pessoas com a questão de saúde misturada com a estética só aumenta, aderindo-se ao grupo pessoas de todas as classes sociais, homens e mulheres de forma igualitária e, principalmente, idades diversificadas. Lembro no Canadá quando primeiro me deparei com alguém 'perto' tomando o tal de suplemento. Era um estudante mexicano (mais que querido), que tomava algo na garrafinha que não sei dizer o que era. De qualquer forma, quando meus vizinhos de Canadá (brasileiríssimos de Curitiba) voltaram a sua querida terra natal, foi com muita alegria que soube da gloriosa notícia: eles montavam um negócio próprio. Minha surpresa foi o ramo: suplementação esportiva. Eu desse assunto muito pouco sabia, e fiquei um pouco surpresa, confesso. Ela é formada em nutrição e educação física, ele é formado em fisioterapia, logo, não é difícil imaginar que o negócio daria certo. Mas ser formado na área não é suficiente (e nem é requerido) neste ramo do comércio. Há quase um ano no mercado de Curitiba, Fabíola (também Silva como eu) e Felipe se destacam pelo seu atendimento (personalizado e com o cunho de quem sabe o que está falando, e não simplesmente quer empurrar um produto) e muito carinho pelo que fazem.

O carinho deles me cativou, confesso. Até li algo sobre suplementação esportiva pra tentar tirar a idéia de marombados (as) da minha mente. E certamente consegui, pois vi que a questão não era simplesmente criar infindos músculos, mas o suplemente servia ao seu propósito, como eu com minha vitamina C de cada dia. Pra quem se interessa por suplementos, aqui vai o site do casal que vende online: www.suplementacaoesportiva.com.br
Pelo que contaram, o site está sendo bem visitado e aos poucos eles vão conquistando o espaço deles como pequenos empresários (façanha essa que não é simples como se pensa).

Torço pelo sucesso da loja Performance que vi nascer diante de meus olhos, toda bonitinha, com o caprixo dos donos estampado na loja. Iniciativas empreendedoras desse estilo dá gosto de ver num Brasil desse.

Endereço:
Rua Castro, 605 Lj 03 - Água Verde
Telefone:
41 3244.0110
Email:
performance@suplementacaoesportiva.com.br
MSN:
performance-suplementos@hotmail.com

Uma quest

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

love will tear us apart again



Uma delícia essa edição da BBC fazendo uma versão de videoclip decente já que a banda não o fez a tempo da morte do vocalista.

Estava cá com meus botões pensando na utilidade do youtube, ou, alguns diriam, sua inutilidade. Vou procurando música por música aquelas canções para escutar novamente que não tenho coragem de bater e assumir que gosto e sei a letra de cor, outras que esqueço por displicência pura, e ainda descobrir uns bons achados.

E é isso...depois de escutar essa mesma canção por cinco vezes me pergunto o pq...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A viagem de si

A inconstância das coisas vividas às vezes me surpreende. Como pode uma viagem mudar o pedaço do que se é. Eu sei que a cada milímetro de vida o acaso (ou seja lá como queira chamar isso), pode pender para um lado, pender para o outro, ou deixar de pender. Com isso, mais um tempo de ausência de blog eu pensei, todo dia, num post digno para uma 'volta'. A questão é que tinham tantas pequenas coisas, sem contar as grandes que se tornaram pequenas. E deste modo houve um inundação de palavras dentro da mente que vos fala. Os diversos reencontros, os desencontros (propositais ou não), o sol e a chuva... Tudo posto ali, como para brincar de fazer ocasiões boas ou não, por vezes ótimas.

Cada vez mais são chico é minha cidade de turismo. E refleti que seria impossível para mim viver lá. São Chico existe numa realidade paralela, realidade de meus 15 anos, quando pouco se sabe de tudo e não se pode sair por aí a descobrir as coisas sem o devido consentimento parental. São Chico ficou lá, com todos seus personagens que voltam a mim. Ou seria eu que os assombro... Assim me senti, uma verdadeira assombração, quando meu amigo de tempos não podia ir numa reunião de amigos que me incluia porque a namorada não permitia (pois eu lá estaria). Não sabia ela, que como toda assombração, essa presença alheia atrai curiosidade... E que um deslize não estaria nunca nas mãos dela prever. As pessoas pensam em casar, planejam quando os filhos vêm, enquanto eu vou pensando no meu primeiro roteiro Europeu. Alguns tentam fugir do mesmo, mas cercado daquilo sabem que se não se encaixarem a moda da cidade logo serão apontados como 'fora' do padrão. Nem consigo expressar o prazer de SER fora do padrão. Aí encontrei quem eu era, a que não é o que se espera. Multiplicidade de ser em si, e só. Admiração ao me verem só. Eu pertenço a mim, e ninguém me pertence. Prefiro assim, por opção. Explicar isto seria inútil, então melhor deixar que sintam pena da minha solidão, ou admiração e até inveja por não poderem fazer o mesmo.

Em Rio Grande, indo de ônibus, ajudou num processo de pensar o destino, criar hipóteses, de ir chegando aos poucos, como se o corpo acompanhasse a cabeça na assimilação de onde se ia. Cheguei em rio grande corpo e alma. Contando com poucos dias, quis a intensidade de tudo. Me desliguei de outras cidades, vivi rio grande como pude. Frustração. Nem pra rever pessoas me serve... É tudo tão complicado. Mas daí tirei o prazer de curtir,como turista, o que me tinha a oferecer a cidade. E aí a resolução de férias: sou turista. Reencontros, sim, inevitáveis. Espera de outros reencontros, sim, inevitável. A areia fina que enxarca a cidade ficou nos sapatos, tive de lavar bem cada sola pra não ter de herança isto ainda agora. Em rio grande descobri que as pessoas que gostamos continuamos gostamos, e quando revemos gostamos mais. As pessoas que nunca fomos muito seguras se gostávamos sinceramente ou não fica na certeza de que não gostamos lá isso tudo mesmo, o suficiente para aturar. Tem pessoas que basta um abraço, sem muito diálogo para se gostar mais. Outras, com muito diálogoo se descobre o potencial de novos personagens, diferentes daqueles de anos atrás na faculdade. Chimas no canelete,andadelas por aqui e ali, novas configurações familiares e... Amor. Como no conto de Clarisse que li e analisei tanto nas aulas de teoria literária I na furg, encontrei a epifania. Caí em mim, algo tinha mudado... Parece que vi algo que se equiparava a um cego mascando chiclete pra Ana, e fui para meu próprio jardim botânico ter comigo uma revelação. Resolvi apagar a flama da viagem indo um dia antes para Porto Alegre. Tinha feito mais ou menos tudo que planejado... Dali já não queria nem o pó.

Porto alegre me senti a verdadeira turista. Sensação de coisa nova, de um ar de cidade nova. Reencontros novos e surpreendentes. Em Danilo, meu anfitrião, enxerguei ambição boa, amizade com gosto de jujuba. Conheci alguns de seus amigos, me diverti com a simpatia deles. Vimos filme, saimos a comer algo e me dei conta que com uma tarde-noite em porto alegre tinha feito mais coisas que em dias em outras cidade. É que depende com quem se tá. E estava bem acompanhada. Outro dia partia eu para o aeroporto lotado de fãs de preto de banda de rock pesado cujo nome resolvi ignorar. Resolvi ignorar muitas coisas no earoporto. Resolvi esperar pelo meu avião em paz, finalmente, depois de um lanche nada saudável numa famosa rede americana de fast food. Esperei ansiosa por partir para o próximo momento. O momento da tranquilidade.

Cheguei em Curitiba e chovia muito. Mas tudo compensava reencontrar Fabíola e Felipe novamente. Os noivos, que conheci no Canadá, me presentearam com o prazer de estar no casamento deles. E estive... E me deliciei em quase perene silêncio,sendo apresentada aqui, ali e acolá como a amiga do canada, pensando na vida boa que os dois estavam fadados a ter vivendo juntos. Eta casal adorável. E olha que não sou de ser simpática a qualquer casal. Mas aquele casal... Eles têm algo, algo que só NÃO pode ser explicado. É de segredo, e me faz acreditar em carma, e que eles foram recompensados por serem tão bons em vidas passadas. Passei a me sentir recompensada também com a amizade deles. De tudo de vibrante no Canadá, eles são das melhores lembranças. Me deram dias de turistas, aqui e acolá, em vários pontos turísticos, alguns que visitei 13 anos antes. Adorei. Adoro Curitiba, declarei amor a cidade... Apaixonei perdidamente e ao voltar para o Rio aquela chateação de quem deixa a pessoa amada longe me acompanhou. Mas não voltei antes ainda de tormar um suco no aeoporto com Felipe, comer pão de queijo, jogar bom papo fora e ter certeza que meus ex-vizinhos de canadá são mesmo pessoas dotadas de gentileza.

E Rio, aqui estou... Se sirva de mim. Até quando, mistério.